Aprender língua ou conhecer cultura? Discussões sobre os objetivos de inclusão de língua chinesa na rede estadual do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14562885Resumo
Nos últimos anos, vivenciamos a expansão do ensino de língua chinesa não só nas instituições superiores do Brasil com o estabelecimento dos Institutos Confúcio, mas também através das iniciativas de diversas redes municipais e estaduais que buscam oferecer ao público uma educação plurilíngue. No caso específico da rede estadual do Rio de Janeiro, foi criado em 2015 o Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa – Intercultural Brasil-China, por meio de uma parceria entre o Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Normal de Hebei (China). Partindo das próprias experiências da autora como professora de chinês neste Colégio, o presente trabalho pretende realizar uma reflexão sobre as diferentes percepções dos agentes chineses e brasileiros neste projeto, em relação aos objetivos da inclusão de língua e cultura chinesa na rede estadual do Rio de Janeiro. Baseado no estudo documental e nas entrevistas, pretendemos discutir como as visões chinesas de caráter instrumental entram em choque com a realidade brasileira, e como os agentes das duas nacionalidades se negociam e se adaptam para criar o espaço para a língua e cultura chinesa dentro da escola. É necessário não só um maior entendimento entre as duas culturas educacionais, mas também um esforço conjunto entre os professores, os gestores e os formuladores das políticas públicas linguísticas e educacionais para trazer uma educação de língua-cultura que faça sentido para os estudantes da rede pública do Brasil.
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