A Língua Inglesa e a internacionalização do Ensino Superior: análise comparativa de duas instituições de países do BRICS
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8364063Resumo
O artigo reflete sobre as representações, práticas e percepções sociais da língua inglesa como língua franca em comunidades universitárias onde a internacionalização da educação superior surge como uma das grandes preocupações das universidades e de certas políticas de organismos internacionais (OCDE, Banco Mundial, Unesco) e agências nacionais (Capes, CNPq). Para além de pressupor a interculturalidade, a integração das pesquisas e dos conhecimentos, também se caracteriza como sendo um espaço de debates e embates entre atores do próprio campo e na intercessão dos campos sociais envolvidos. Nesses campos de disputa surgem discursos que revelam as diversas faces e peculiaridades da Língua Inglesa nas comunidades universitárias. O objetivo é analisar o sentido da Língua Inglesa que emerge dos documentos e práticas de duas instituições pertencentes ao BRICS. A pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, documental, de corte analítico, comparada e também etnográfica. O universo da pesquisa é formado por duas universidades, sendo uma comunitária do Sul do Brasil e outra comunidade euro-asiática da Rússia, que são analisadas e comparadas a partir dos seus documentos, destacadamente do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), das suas políticas linguísticas e, em especial ,com foco no Plano Institucional de Internacionalização e nas práticas e representações sociais inter-relacionadas com a Língua Inglesa decorrentes dele. Em ambas as comunidades universitárias, fica evidenciado o entendimento de que a Língua Inglesa é atravessada por questões da internacionalização e é o caminho para a consolidação da pesquisa, do ensino e da extensão com vistas à competitividade e ao produtivismo global mesmo em contextos glocais diferenciados. Porém, em ambas as políticas institucionais de uso e aprendizagem da Língua Inglesa justapostas com a internacionalização são recentes e obedecem a normatividades legais de seus países, mas com discrepâncias em relação aos interesses da internacionalização. Vê-se que o fortalecimento das missões dessas universidades é atravessado por questões neocoloniais. Ainda é importante destacar que apenas uma universidade já conta com o Plano Institucional de Internacionalização bem consolidado e a outra está na fase inicial de implantação do mesmo.Downloads
Referências
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