Um olhar dialógico para a mobilidade acadêmica internacional de estudantes maranhenses
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v7i1.961
O movimento de internacionalização das universidades brasileiras, fomentado por programas de mobilidade acadêmica internacional, a exemplo do Ciência sem Fronteiras, revela um universo complexo que abrange tanto o ensino-aprendizado das línguas estrangeiras, as demandas oficiais dos programas de mobilidade, quanto as reais necessidades dos alunos intercambistas brasileiros, cujas vozes pouco são ouvidas. É nesse contexto que este artigo pretende compreender os principais óbices comunicativos de seis estudantes maranhenses no exterior, para ajustar a oferta de novos cursos de francês aos alunos que se preparam para viver a e na universidade francófona. A fundamentação teórico-metodológica do presente estudo insere-se na Teoria/Análise Dialógica do Discurso – ADD (BRAIT, 2008), advinda da obra de Bakhtin e o Círculo, que consideram a interação como lugar de comunicação e, desta forma, de produção da linguagem. Como o próprio nome sugere, a teoria tem o dialogismo como lugar para a constituição da linguagem. Nesta perspectiva epistêmica, não há categorias de análise à priori, elas emergem das relativas regularidades dos dados observados e apreendidos durante a realização da pesquisa (BRAIT, 2016). No que se refere aos óbices, os resultados apontam para uma não-compreensão do fenômeno social/objetivo que integra o horizonte dos falantes e, igualmente, os julgamentos presumidos daquela comunidade estrangeira. É possível que a não capacidade do estudante brasileiro de compreender a construção de sentido no contexto da enunciação em língua estrangeira, seja característica de estudantes egressos de uma abordagem de ensino de línguas com objetivo específico e/ou universitário, que compreende a língua como sendo exterior ao sujeito.
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