Gíria dos acautelados: recurso linguístico dos jovens que se encontram privados de liberdade
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8170228Resumo
Este artigo apresenta uma das variedades presentes no léxico português, que é a gíria, falada em especial poradolescentes e/ou jovens que se encontram em privação de liberdade, os acautelados. Essas gírias são consideradasherméticas, logo difíceis de serem compreendidas por aqueles que não estão inseridos no grupo, sendo, por isso,uma forma de proteção e identificação dos membros, determinando a identidade cultural dos falantes, moldamaspectos de sua personalidade que vão além dos aspectos linguísticos. Para esses usuários há uma necessidade decriar um signo linguístico próprio, não porque desconheçam outros níveis linguísticos, mas porque eles têm comoobjetivo a busca da proximidade com quem ele fala e a criação de efeitos de sentidos que outras palavras nãooportunizariam criar. O estudo busca, a partir do início de uma análise realizada com um corpus léxico, mostrar deque forma jovens acautelados criam gírias, sem conhecimento científico dos recursos linguísticos. A partir desse recurso linguístico, os jovens constroem laços sociais e lidam com o mal-estar contemporâneo, conseguindo, de alguma maneira, encontrar um lugar no meio social, endereçando seu sofrimento pela via do simbólico. Apresentando esse universo linguístico que circunda o uso da linguagem gíria, visando uma melhor contribuição para a valorização dessa variedade linguística que, apesar de constituir-se um fenômeno imprescindível no processo natural de renovação da língua, ainda é, por muitos, estigmatizada. Espera-se que este estudo facilite a prática de diversos profissionais que convivem com esses jovens acautelados, buscando uma melhor compreensão da temática e permitindo nortear pesquisas futuras.
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