Salvacionismo e Desenvolvimentismo: vieses de colonialidade em um livro didático de língua inglesa
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.15605547Palabras clave:
Decolonialidade, Livro didático, Língua InglesaResumen
Este texto apresenta uma análise de uma unidade do livro didático de língua inglesa Life, utilizado em escolas de idiomas do Brasil e do mundo. Através da literatura decolonial, nosso objetivo foi identificar e analisar os vieses de colonialidade presentes nessa unidade. Valendo-se da Análise de Conteúdo, pudemos verificar a existência de dois vieses: salvacionismo e desenvolvimentismo. O primeiro é relacionado à ideia de que comunidades consideradas primitivas precisam ser salvas e de que os povos colonizados são incapazes de gerir seu próprio destino. Já o segundo viés refere-se à imposição cultural e à visão de que os países considerados subdesenvolvidos têm a missão de alcançar a evolução europeia. Assim, percebemos que o livro didático analisado não foge do ‘sistema-mundo patriarcal/capitalista/colonial/moderno’ e que seus conhecimentos são situados, apesar da ideia de que há uma neutralidade em seu conteúdo e em sua visão. Dessa forma, o livro também sustenta o discurso colonial que gerou a supressão e a marginalização de conhecimentos e práticas tradicionais.
Descargas
Citas
ALVES DOS SANTOS, Lucas Natan. Livro didático de inglês e traços de (de)colonialidade. In: Anais eletrônicos do VII Seminário Formação de Professores e Ensino de Língua Inglesa. V.7, 2023. ISSN: 2236-2061. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/18843/2/LivroDidaticoInglesDecolonialidade.pdf Acesso em: 11 ago. 2024.
ANJOS, Flávius Almeida dos. Ideologia e omissão nos livros didáticos de língua inglesa. 2. ed. Cruz das Almas/BA: UFRB, 2019.
AQUINO, M., & FERREIRA, M. V. Ensino de alemão com foco decolonial: uma discussão sobre propostas didáticas para o projeto Zeitgeist. Domínios da Linguagem, (17), 1-33. 2022.
BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O Índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, DF: MEC; Unesco, 2006.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2016.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. “Decolonizar la universidad. La hybris del punto cero y el diálogo de saberes”. Em: GROSFOGUEL, Ramón; CASTRO-GÓMEZ, Santiago. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre editores, 2007.
DUMMETT, Paul; HUGHES, John; STEPHENSON, Helen. Life Intermediate Student’s Book. 2ª ed. Andover: National Geographic Learning, 2019.
FACINA, Adriana. De volta ao fardo do homem branco: o novo imperialismo e suas justificativas culturalistas. História e Luta de Classes, ano I, n. 2, 2010.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n.80, p.115-147, 2008.
GROSFOGUEL, R.. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 25–49, jan. 2016.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KUMARAVADIVELU. B. A linguística aplicada na era da globalização. In: MOITA LOPES, L. P. Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 129-148.
KUMARAVADIVELU, B. Individual identity, cultural globalization, and teaching English as an international language. In Alsagoff, L., McKay, S.L., Hu, G., and Renandya, W.A., eds. Principles and Practices for Teaching English as an International Language. New York: Routledge, 2012.
LANDER, E. (Ed.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000.
MADEDO, E. A imagen da ciência: folheando um livro didático. Educação e sociedade, São Paulo, v. 25, n. 86, p.15-16, 2004.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: Castro-Gómez, S. & Grosfoguel, R. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global (127-167). Bogotá: Siglo del Hombre editores, 2007.
MIGNOLO, Walter D.; BRUSSOLO VEIGA, Isabella. Desobediência Epistêmica, Pensamento Independente e Liberdade Decolonial. Revista X, [S.l.], v. 16, n. 1, p. 24-53, fev. 2009; 2021. ISSN 1980-0614. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/revistax/article/view/78142>. Acesso em: 10 out. 2023.
MIGNOLO, Walter. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias Do Sul, Foz do Iguaçu, PR, v. 1, n. 1, p. 12–32, 2017. Disponível em: <https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/772/645>. Acesso em: 10 out. 2023.
PAPAKOSTA, Konstantina. História escolar e colonialismo ideológico : a acrópole de Atenas como heterotopia nos livros didáticos de História. Heródoto: Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 296–319, 2022. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/herodoto/article/view/13802. Acesso em: 6 set. 2024.
PEREIRA, Ariovaldo Lopes. O eurocentrismo nos livros didáticos de língua inglesa. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 35, 2012. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8639302. Acesso em: 13 ago. 2024.
PEREIRA, Luely Miguel; IBRAHIM, Stefannie de Sá. Sob uma Perspectiva Decolonial: Análise de Unidades de História e Natureza da Ciência de Livros Didáticos do PNLD 2021. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, [S. l.], p. e51464, 1–29, 2024. DOI: 10.28976/1984-2686rbpec2024u765793. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/51464. Acesso em: 24 out. 2024.
PEREIRA, Márcia Menezes Thomaz. Gênero e Currículo: olhares do feminismo negro e decolonial sobre um livro didático de sociologia. Em Tese. Florianópolis, v. 16, n. 01, p. 143-167, jan./jun., 2019.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú indígena. V. 13, n. 29, p. 11-20, 1992.
QUIJANO, Aníbal. ¡Qué tal raza! In: Revista Venezolana de Economía y Ciencias Sociales. v. 6, n. 1, p. 37-45, 2000.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, Poder, Globalização e Democracia. Novos Rumos. V. 17, n. 37, 2002.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires, Argentina: CLACSO, 2005, p. 117-142.
QUIJANO, Aníbal. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la Colonialidad / descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO, 2014. Disponível em: <http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140506032333/eje1-7.pdf> Acesso em 12 out. 2023.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, Poder, Globalização e Democracia. Revista Novos Rumos. Marília, SP, n. 37, 2022. DOI: 10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/novosrumos/article/view/2192. Acesso em: 1 nov. 2024.
RISAGER, Karen. Culture and materials development. In: NORTON, Julie; BUCHANAN, Heather (ed). The Routledge Handbook of Materials Development for Language Teaching. London: Routledge, 2022.
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p. 31-83.
SEGATO, Rita Laura. “Que Cada Povo Teça os Fios da sua História: O Pluralismo Jurídico em Diálogo Didático com Legisladores”. Direito.unb: Revista de Direito da Universidade de Brasília, Brasília, v. 1, n. 1, p.65-92, 2014.
SEGATO, Rita Laura. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos y una antropología por demanda. Buenos Aires: Prometeo, 2015.
SPIVAK, G.C. Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
WALSH, C. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político epistémicas de refundar el Estado. Tabula Rasa, 9: 131-152, 2008.
WALSH, C. Introducción. Lo Pedagógico Y Lo Decolonial: Entretejiendo caminhos. In: WALSH, C. (ed.). Pedagogías Decoloniales: Prácticas insurgentes de resistir, (re) existir y (re) vivir. QuitoEcuador, 2013.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Revista Letras Raras

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.






