A importância de não ser “pluricêntrico”: teoria e práxis da (desejada) internacionalização do português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.12752753
Palavras-chave: Língua Portuguesa, Pluricentrismo, Internacionalização, Lusofonia.

Resumo

Ao longo dos últimos anos, o conceito de Ao longo dos últimos anos, o conceito de pluricentrismo da língua portuguesa virou uma espécie de truísmo ou de verdade apodítica, isto é, algo que, aparentemente, de tão evidente, sequer precisa ser demonstrado. Observa-se, portanto, que o pluricentrismo do português acabou por ganhar contornos idealizantes e, às vezes, simplistas. Assim, neste trabalho refletimos sobre a própria pertinência teórica da noção de pluricentricidade aplicada ao português, a partir não só das concretas implicações  “ontológicas” e (geo)políticas do termo, como também do estágio atual das pesquisas, e das suas possíveis e desejáveis projeções didáticas e práticas. Assim, a metodologia utilizada aqui é qualitativa, principalmente a análise bibliográfica e observações. Como resultados, apontamos a importância do cuidado com modismos acadêmicos, a necessidade do desenvolvimento de certos aspectos no ensino de Português Língua Estrangeira (PLE) e o investimento em planejamento de corpus do português, pensando no perfil do aprendiz aloglota.

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Publicado em

8 de agosto de 2024

Como Citar

BORGES DE ALBUQUERQUE , D.; MULINACCI, R. A importância de não ser “pluricêntrico”: teoria e práxis da (desejada) internacionalização do português. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 13, n. 3, p. e–2335, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.12752753. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/2335. Acesso em: 10 nov. 2024.

Seção

n. 3 - 2024 - Dossier: As línguas no contexto universitário: internacionalização e mobilidade internacional, certificações em línguas e plurilinguismo