No museu, o Amanhã no entrelaçamento entre história e memória
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i2.1377
Sob uma efeito de evidência, os dizeres/sentidos (re)produzidos ao longo dos tempos, se regularizam numa relação intrínseca entre história e memória. A nosso pensar, ao extrapolarem a linguagem, esses dizeres se materializam nas práticas sociais, produzindo efeitos nos sujeitos discursivos. Filiados na Análise do discurso de linha pecheutiana, propomos neste trabalho uma reflexão sobre os sentidos inscritos no Museu do Amanhã (MA), buscando, nesse gesto, um diálogo com o conceito de Presentismo, fundado pelo historiador Hartog (2011). No estabelecimento da disciplina, Pêcheux se ancorou numa tríplice aliança entre diferentes campos do saber, dentre os quais a História oferece relevante contribuição. Ao propormos esse diálogo, já iniciado por Pêcheux, consideramos que nos fornecerá maiores subsídios para uma desnaturalização desses sentidos, bem como uma melhor compreensão dos seus efeitos na esfera social. Ao longo do nosso trabalho, observamos que afinados com as demandas da atualidade, o MA regulariza uma memória sobre o Brasil, e o brasileiro, com vistas a uma idealização de povo e representação de sociedade.
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