Slam: uma análise do discurso por meio das formações ideológicas e discursivas
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8152501Resumo
Este estudo objetiva mobilizar uma análise discursiva acerca do slam “A menina que nasceu sem cor”, com o intuito de trazer à tona ressonâncias de petrificação preconceituosas acerca da negritude, mas, sobretudo, de mostrar o importante papel de resistência discursiva a esses sentidos perenizados, por meio das contribuições teórico-metodológicas da Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD), apoiadas nos escritos de seu precursor Pêcheux e no Brasil por Orlandi. O corpus desta análise se pauta no slam “A menina que nasceu sem cor” da slammer Midria Silva, que pode ser visualizado no YouTube (https://youtu.be/o6zEZP7pudQ), ou no seu livro de mesmo título da materialidade em estudo; declamado em um acontecimento discursivo do Poetry Slam no qual os poetas ou melhor, slammers, competem entre si em uma batalha com temáticas de cunho social que geralmente denunciam algo que os inquietam, tendo como recursos apenas a voz e o corpo. Logo, para a análise, o conceito de formação discursiva e, consequentemente ideológica, é imprescindível para compreensão do funcionamento discursivo do gênero e por meio de gestos de interpretação entender porque é um discurso que não só reproduz, mas resiste e transforma conceitos perenizados, uma vez que “grita” para um ressignificar de sentidos cristalizados pela ideologia dominante, ou seja, nasce da luta de classes, sendo constitutivo a todo discurso – a resistência.
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Referências
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