Bom-Crioulo de Adolfo Caminha particularidades de uma representação naturalista do homoerotismo e de sua recepção literária
DOI :
https://doi.org/10.5281/zenodo.10439472Résumé
Este texto analisa a recepção ao romance naturalista Bom-crioulo do escritor cearense Adolfo Caminha e as diversas leituras que a obra tem ensejado desde sua publicação, há mais de cem anos. Buscamos compreender como a representação que a narrativa faz do homoerotismo foi determinante para despertar o interesse do público, ao mesmo tempo que causou a repulsa de parte da crítica, tanto contemporânea quanto posterior. Publicada em 1895, a narrativa se passa na Monarquia e relata o romance entre dois marinheiros, um escravo fugido e um jovem adolescente branco. Numa representação dos valores naturalistas que interpretamos como ambígua, a narrativa alterna momentos de repulsa à relação, lastreados pelo discurso científico da época, com representações tidas por vários críticos como empáticas em relação ao protagonista. Neste artigo, concluímos que essa ambuiguidade foi responsável tanto pelo interesse do público da época como pela perseguição e repúdio à obra que se prolongou por décadas.
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