Representações de crianças em situação de rua na literatura brasileira do século XVI ao XX: travessias de um campo em (des)construção
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8302781Resumo
O presente artigo tem o objetivo de analisar como a criança em situação de rua é representada por autores consagrados no campo literário. O texto tratará das primeiras personagens crianças na literatura brasileira, meninos pobres e oprimidos, em situação de rua, já vistos na literatura do século XVI ao século XX. A partir da realização de uma pesquisa bibliográfica, trazemos uma discussão acerca da infância dentro de suas várias perspectivas, traçando um percurso histórico das crianças em situação de pobreza e de rua através da obra de autores consagrados aqui escolhidos a fim de compor o corpus de pesquisa. Engajada em questões sociais das mais diversas épocas, a literatura brasileira sempre representou, em maior ou menor grau, os impasses das sociedades vigentes. Demonstrando tal fato, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, Capitães da Areia, de Jorge Amado e Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, são alguns exemplos disso. Dessas obras, muitas tratam dos chamados “excluídos” da sociedade – não sujeitos somente pobres, mas também considerados não-cidadãos – sem documentos ou lar. Simplesmente, pessoas não existentes. As crianças brasileiras de rua, nesse sentido, ignoradas por séculos, têm feito à sociedade lançar um novo olhar para tal cenário, não mais o reservando à subalternidade, visto que ignorar a problemática deixou de ser uma opção viável.
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