Pensando as narrativas memoriais e pós-memoriais em tempo de vulnerabilidade
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i2.1803
A partir de um levantamento da contribuição de grandes teóricos que pensaram a memória e a complexa representação do passado, buscamos discutir o papel da narração e da ficção como mediadoras na interpretação do vivido. A fiabilidade da reconstrução do passado é posta em causa, o que nos leva a refletir sobre a noção de testemunho e a questão da verdade a ele inerente. Cotejar memória oficial e narrativas individuais faz-se necessário a fim de se contrapor discursos meta-narrativos autoritários a uma história mais polifônica, que enseja a compreensão e a superação de traumas. Veremos também como a reflexão teórica a respeito da transmissão intergeracional de memórias traumáticas oferece ferramentas para a interpretação de obras da chamada geração pós-memorial. A partir dessas considerações, e diante da crise sanitária mundial que nos coloca em posição de testemunhas vulneráveis de uma catástrofe, somos levados a refletir sobre o futuro a partir de um olhar retrospectivo do trauma.
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