Indícios de autoria em redações nota mil do Enem: uma ressonância de vozes enunciativas
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.10699304%20Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral analisar o gerenciamento de vozes enunciativas na elaboração de duas redações nota mil do Enem 2021, em que os redatores valem-se da estratégia de incluir outras vozes, visando atender às competências dois e três, extraídas de um conjunto de cinco competências obrigatórias, conforme determina a Cartilha do Participante do Enem (2020), e, de modo específico, descrever se a presença dessas vozes contribui para o apagamento do redator, ou revela indícios de autoria nos exemplares selecionados. Subsidia-se a análise a partir do quadro teórico-metodológico dos estudos discursivos, com as contribuições de Bakhtin (1997, 2011) e Possenti (2002) sobre a noção de autoria, atrelado aos estudos de Bronckart (1999), Boch e Grossmann (2002) sobre a manifestação de vozes enunciativas em textos. Metodologicamente, esta pesquisa é qualitativa e interpretativista aplicada a um corpus de duas redações nota mil do Enem 2021, extraídas do site G1, cuja temática era “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil", que exigia do candidato, além de atender as cinco competências, conhecimentos textuais, linguísticos e a utilização de um repertório sociocultural adotado como argumento de autoridade, a fim de validar o ponto de vista defendido pelo redator. Após as análises, os resultados contrariam o apagamento das vozes autorais, em razão de que a ressonância de vozes enunciativas, nas redações nota mil do Enem, atendem às competências dois e três e servem para validar o discurso defendido por quem se responsabiliza pelo texto, revelando os indícios de autoria.
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