Literatura fantástica de autoria feminina no Brasil "Mãe Natureza", de Natércia Campos de Saboya
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14579769Resumo
Pelas veredas do fantástico, este artigo objetiva analisar o conto “Mãe Natureza”, presente na obra Iluminuras (1988), de Natércia Campos de Saboya. Circunscrita em um nicho literário nordestino, a escritora cearense é tributária de um contexto de apagamento e esquecimento no horizonte da crítica contemporânea, mesmo se destacando na prosa, principalmente na literatura fantástica, com narrativas eivadas por manifestações insólitas que provocam uma transgressão da realidade. Com base em condicionantes teóricos que confirmam a eficácia estética do fantástico em sua contística, foi possível investigar como essa categoria analítica é representada na ficção da autora, que se mostra intrinsicamente vinculada às tradições culturais, aos saberes populares, às lendas e mitos do Nordeste e às histórias frutificadas pelo valor da oralidade e da transmissão geracional. No conto investigado, o cotidiano laboral das personagens, o avô e o menino, é transformado pela contação de histórias da mata, que arquitetam mistérios folclóricos e lendários próprios da natureza e do universo das superstições. Com as estampas do dia a dia e tipos humanos carreados de simples costumes, tem-se um percurso ficcional que leva à magia sedimentada em um mundo habitual regido pela crença de seres e acontecimentos secretos.
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