Entre a tradução e a adaptação literária: perspectivas no estudo da literatura infantil e juvenil
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8361654Resumo
Neste ensaio fornecemos os pressupostos teóricos gerais que orientam as discussões sobre a tradução e adaptação da literatura infantil e juvenil, baseada na abordagem hermenêutica e na revisão bibliográfica o que tornou possível aprofundar as especificidades deste objeto de estudo (PASCUA, 2003; SOTOMAYOR, 2005; DIAS, 2011; LIBERATTI, 2013; GARCÍA, 2020; MENDOZA, 2018, 2021). Analisamos as concepções de intertextualidade que subjaze o processo de tradução e adaptação literária, focalizando o rol do tradutor (PAZ, 1971; ALBALADEJO, 2001; COLOMBRES, 2009; MACHADO, 2012; LIBERATTI, 2013; SOUZA, 2015; LUARSABISHVILI, 2018; GARCÍA, 2020). Com este propósito, apresentamos os aspectos relativos as práticas de leitura de textos literários adaptados que podem contribuir para a formação do leitor infanto-juvenil na dinâmica do ensino da literatura (YUNES, 1995, 2021; MACHADO, 2002; PRADO, 2004; ABREU, 2006; VASQUES, 2007; COLOMER, 2003, 2011; FERNANDES; OLIVEIRA, 2010; ROUXEL, 2012; ZILBERMAN, 2012; CARVALHO, 2013; AZEVEDO, 2014; COSSON, 2014; MUNIZ; OLIVEIRA, 2014; BALLESTER, 2015; LLUCH; ZAYAS, 2015; CERRILLO, 2016; REZENDE; OLIVEIRA, 2016; GÓMEZ; COCA, 2017; BUTLEN, 2018; LOMAS, 2018; DÍEZ, 2019; ALVES, 2020; FLECK; LOPEZ; SALDANHA, 2020; GOMES; CRUZ, 2020). Adotamos uma convergência da ciência literária, lingüística e didática da literatura como ponto de partida para refletir sobre a relevância que o tradutor adquire como leitor no processo de adaptação literária. Concluímos que o reconhecimento da correlação entre a tradução e a adaptação da literatura infantil e juvenil mostra a pertinência do uso de obras adaptadas na sala de aula como meio de estimular o hábito de ler textos literários no público infanto-juvenil.
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