Construções de silêncio em Pedro Páramo, de Juan Rulfo
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i4.1760 Este artigo parte da premissa de que os silêncios são componentes de qualquer linguagem e, portanto, se encontram também no texto literário. Impregnado de silêncios, o romance Pedro Páramo, de Juan Rulfo, não revela todo o seu campo de significação na superfície da narrativa, mas apresenta sentidos velados e profundos. Todo o discurso desse texto artístico é construído de forma inovadora. Trata-se de uma linguagem rebuscada e poética na qual se percebe uma hábil construção de silêncios. A partir de tais constatações, este artigo tem como objetivo analisar a importância dos silêncios no romance de modo a destacar suas contribuições para o campo de significação da obra. Compreende-se por silêncio não o vazio ou a ausência de palavras, mas a mobilidade dos sentidos, pois o silêncio pode significar independentemente da palavra. O artigo encontra-se ancorado nos estudos de teóricos como Eni Orlandi (2007), Michele F. Sciacca (1967); Bellini (2008), Eric Nepomuceno (2008), Luzia B. Tofalini (2018); Ibrahim Yamakawa (2017), dentre outros. A partir desse referencial teórico, realiza-se uma reflexão acerca dos silêncios construídos em Pedro Páramo, especialmente focalizando categorias narrativas como enredo, narrador, espaço, tempo e linguagem, dando destaque às lacunas do dizível, a ocorrência de silêncio na obra de Juan Rulfo e como a utilização desse recurso contribui para a construção de sentidos.Downloads
Referências
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