Constituição e (re)formulação dos sentidos: a mulher nos discursos sobre a prevenção da AIDS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.8415279
Palavras-chave: Discurso, Machismo, Memória e Formações Ideológicas

Resumo

Através deste artigo, analiso alguns discursos específicos veiculados em duas propagandas do Ministério da Saúde (uma de 2000 e outra de 2019), durante a Campanha de prevenção contra a AIDS. Para isso, são mobilizadas importantes noções teóricas da Análise de Discurso (AD) de vertente pecheutiana, como: memória discursiva, interdiscurso, formações discursivas e formações ideológicas que juntas permitem compreender processos imaginários de reconhecimento/desconhecimento que constituem os sujeitos nas suas relações sociais. Tais discursos veiculados em épocas distintas, distanciados num espaço de tempo de dezenove anos, oportuniza-nos, através das análises, não só mobilizarmos os pressupostos teóricos da AD, mas, sobretudo, atentarmos para a imperativa necessidade de nos desvencilharmos dessa fronteira tênue que busca delimitar/determinar o que cabe à mulher e ao homem na sociedade.  Isso nos leva a considerar o que afirma Orlandi (2001, p. 144) sobre as relações de poder estarem simbolizadas em relações de força presentes no jogo dos sentidos. Entra, então, em cena o desejo de clareza (certeza): faz parte, da encenação retórica do poder, advogar a clareza, a transparência, praticando, assim, o apagamento, o silenciamento dos outros sentidos possíveis.  Não há unicidade de sentidos por causa da história, do político, dos sujeitos. Sendo assim, o sentido claro é aquele que se estabiliza, o sentido dominante. O poder está sempre rodeando os sentidos que produz com uma grande quantidade de discursos, que teriam a finalidade de explicá-los, desambiguizá-los, para nos dar a certeza do (seu) sentido (verdadeiro).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rosely Diniz da Silva Machado, Universidade Federal do Rio Grande

Doutora em Teorias do Texto e do Discurso, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Professora do Instituto de Letras e Artes (ILA) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Referências

ACHARD, P. Memória e Produção de Sentido. In: Papel da Memória. [Tradução e introdução de J. H. Nunes]. Jean Davallon, Jean-Louis Durand, Michel Pêcheux, Eni Puccinelli Orlandi. Campinas, SP: Pontes, 1999.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Maria E. G. G. Pereira (trad.). 2 ed. São Paulo: Martins fontes, 1997. p. 277-326

COURTINE, J. J. O Chapéu de Clementis. In: Múltiplos territórios da análise do discurso. [Tradução de Marne R. de Rodrigues]. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.

INDURSKY, F. A fala dos quartéis e as outras vozes. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1997.

INDURSKY, F. A Memória na cena do discurso. In: INDURSKY, Freda; MITTMANN, Solange; FERREIRA, Maria Cristina Leandro Ferreira. (Org.). Memória e História na/da Análise do discurso. 1. ed., Campinas: Mercado de Letras, 2011, p. 1-335.

MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

ORLANDI, E.P. (Org.) Discurso Fundador. Campinas, SP: Pontes, 2001.

ORLANDI, E.P. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2001.

ORLANDI, E.P. Cidade dos Sentidos. Campinas, SP: Pontes, 2004.

ORLANDI, E.P. Terra à Vista discurso do confronto: velho e novo mundo. Campinas, SP: Cortez, 1990.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas, SP: UNICAMP, 1988 (original de 1975).

PÊCHEUX, M.; FUCHS, C. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F.; HAK, T. (org.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de M. Pêcheux. 3ª ed. Campinas, SP: UNICAMP, 1997 (original de 1969).

PÊCHEUX, M. Papel da Memória. [Tradução e introdução de J. H. Nunes]. In: Jean Davallon, Jean-Louis Durand, Pierre Achard, Eni Puccinelli Orlandi. Papel da Memória. Campinas, SP: Pontes, 1999.

PÊCHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. [Trad. de Eni Orlandi]. 2ª ed., Campinas, SP: Pontes, 2002 (original de 1983).

SILVA, C. C. Os gêneros anúncio publicitário e anúncio de propaganda uma proposta de ensino ancorada na análise de discurso crítica. 2015. Dissertação (Mestrado Profissional em Letras) — Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-graduação em Letras. Disponível em: GenerosAnuncioPublicitariio.pdf (ufu.br). Acesso em: 23 jul. 2021.

Downloads

Publicado em

29 de dezembro de 2021

Como Citar

MACHADO, R. D. da S. Constituição e (re)formulação dos sentidos: a mulher nos discursos sobre a prevenção da AIDS. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 10, n. 4, p. 137–154, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.8415279. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1343. Acesso em: 13 nov. 2024.

Seção

Artigos de temas livres