Exercícios de aproximação: a experiência literária a partir de Roland Barthes e Maria Gabriela Llansol

Autores

Palavras-chave: Língua, Literatura, Escritura

Resumo

DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i4.1610

Este artigo aproxima a escritura barthesiana e a textualidade llansoliana, o corpus teórico e o corpo literário, a partir de três lugares: a língua, o estilo e a escrita, para extrair dessas escritas o ponto em que a língua, liberta da servidão e do poder, vibra. Para Barthes a língua é fascista, pois obriga a dizer de um único modo, investida que está pelos signos do poder. Se mesmo na intimidade de um sujeito a língua entra a serviço de um poder, e se não há um modo de livrar-se dela colocando-se fora dela, é no interior mesmo da linguagem que uma revolução deve acontecer. Para esses autores, a literatura começa no lugar de uma perda, para avançar para além daquilo que a define, alargando seus domínios. A partir da noção de escritura, o literário pode ser pensado como o grafo complexo de uma prática marcada pelos ritmos do corpo e pelo grão da voz, lugar em que a língua balbucia, gagueja, trapaceia. Desvestidas de sua significação, as palavras encadeiam um canto preexistente à linguagem, inscrevendo, numa espécie de esforço de arquitetura, uma intensidade que conduz o discurso a um movimento diferenciante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Janaína de Paula, UFMG

Doutora em Letras – Estudos Literários - UFMG. Pós-doutoranda em Letras (CAPES-PNPD) - UFOP.
Belo Horizonte – MG. Brasil.

Referências

BARTHES, R. Aula. São Paulo: Cultrix, 2000.

BARTHES, R. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2002.

BARTHES, R. O grau zero da escrita. Lisboa: Edições 70, 2006.

BLANCHOT, M. A parte do fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

BLANCHOT, M. O livro por vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BLANCHOT, M. Uma voz vinda de outro lugar. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

BRANCO, L. C. (Org.). A tarefa do tradutor em Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2008.

BRANCO, L. C. Chão de letras: as literaturas e a experiência da escrita. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

CAMPOS, H. O afreudisíaco Lacan na galáxia de lalíngua. In: CESAROTTO, Oscar. Ideias de Lacan. São Paulo: Iluminuras, 2010.

COELHO, E. P. O cálculo das sombras. Lisboa: Asa, 1997.

DELEUZE, G. Conversações. São Paulo: Editora. 34, 1992.

DERRIDA, J. Torre de Babel. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

LACAN, J. O seminário, Livro 20 – Mais, ainda (1972-1973). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

LACAN, J. O seminário, Livro 23 – O sinthoma (1975-1976). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

LLANSOL, M. G. Um beijo dado mais tarde. Lisboa: Rolim, 1985.

LLANSOL, M. G. Um falcão no punho. 2. ed. Lisboa: Relógio D’Água, 1985.

LLANSOL, M. G. Lisboaleipzig 1 – O encontro inesperado do diverso. Lisboa: Edições Rolim, 1994.

LLANSOL, M. G. O raio sobre o lápis. Lisboa: Assírio & Alvim, 2004.

LLANSOL, M. G. Entrevistas/Maria Gabriela Llansol. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

LLANSOL, M. G. Causa amante. Lisboa: Relógio D’Água, 1996, p. 160.

LOPES, S. R. Teoria da des-possessão: ensaios sobre textos de Maria Gabriela Llansol. Lisboa: Black Son Editores, 1998.

MALLARMÉ, S. A música e as letras. In: GOMES, Á. Cardoso. A estética simbolista: textos doutrinários comentados. Tradução dos textos doutrinários em francês de Eliane Fittipaldi Pereira e em inglês de Carlos Alberto Vechi. 22 ed. São Paulo: Atlas, 1994.

MILNER, J-C. Os nomes indistintos. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2006.

Downloads

Publicado em

8 de outubro de 2023

Como Citar

PAULA, J. de . Exercícios de aproximação: a experiência literária a partir de Roland Barthes e Maria Gabriela Llansol. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 8, n. 4, p. Port. 44–59 / Eng. 41, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1387. Acesso em: 21 nov. 2024.

Seção

Linguagem, rumor, poder