Exercícios de aproximação: a experiência literária a partir de Roland Barthes e Maria Gabriela Llansol
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i4.1610
Este artigo aproxima a escritura barthesiana e a textualidade llansoliana, o corpus teórico e o corpo literário, a partir de três lugares: a língua, o estilo e a escrita, para extrair dessas escritas o ponto em que a língua, liberta da servidão e do poder, vibra. Para Barthes a língua é fascista, pois obriga a dizer de um único modo, investida que está pelos signos do poder. Se mesmo na intimidade de um sujeito a língua entra a serviço de um poder, e se não há um modo de livrar-se dela colocando-se fora dela, é no interior mesmo da linguagem que uma revolução deve acontecer. Para esses autores, a literatura começa no lugar de uma perda, para avançar para além daquilo que a define, alargando seus domínios. A partir da noção de escritura, o literário pode ser pensado como o grafo complexo de uma prática marcada pelos ritmos do corpo e pelo grão da voz, lugar em que a língua balbucia, gagueja, trapaceia. Desvestidas de sua significação, as palavras encadeiam um canto preexistente à linguagem, inscrevendo, numa espécie de esforço de arquitetura, uma intensidade que conduz o discurso a um movimento diferenciante.
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