A violência de gênero em Olhos D’água, de Conceição Evaristo

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5281/zenodo.10273660
Mots-clés : Violência, Violência de gênero, Olhos D´água, Conceição Evaristo

Résumé

O Brasil constituiu-se como nação por meio de um processo violento de dominação do Outro — o povo indígena, o negro escravizado, a mulher. Assim, as mulheres, em geral, ao longo da história, sempre sofreram com distintos tipos de violência por conta da dominação masculina, na sociedade patriarcal brasileira, desde o início da colonização. Em especial, a mulher negra escravizada sofreu todo tipo de violação. Esse passado deita raízes na atualidade, de modo que nossa sociedade é marcadamente violenta, embora essa violência seja naturalizada e, até, negada. A violência estrutural impede que diferentes classes sociais e grupos étnicos tenham voz e alcancem melhores patamares de qualidade de vida. Essa questão é abordada pela literatura, que, pela ficcionalidade, a expõe e problematiza. Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo analisar retrato da violência de gênero em contos da obra Olhos d’Água, de Conceição Evaristo, visto que a autora tematiza a mulher negra em suas produções literárias, buscando dar visibilidade a esses sujeitos na sociedade contemporânea.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Marinês Andrea Kunz, Universidade Feevale

Doutora em Linguística e Letras pela PUC-RS (2004). Foi Diretora do Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes (2016-2017) e coordenadora do curso de Letras (2006-2010), na Universidade Feevale, onde é professora titular.

Sabrina Susiélen Corrêa, Universidade Feevale

Possui graduação em Letras - Português/ inglês pela Universidade Feevale. Atualmente é estudante do curso de pós graduação Lato Sensu em metodologia de ensino de língua portuguesa, inglesa e literatura pela FAVENI. Atua como professora do Governo do Estado do Rio Grande do Sul nas disciplinas de língua inglesa e língua portuguesa e faz parte de um grupo de pesquisa como bolsista de aperfeiçoamento na área de literatura.

Ernani Mügge, Universidade Feevale

Doutor em Literatura Brasileira, Portuguesa e Luso-africana pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é professor e pesquisador da Universidade Feevale, atuando no PPG em Processos e Manifestações Culturais e no Mestrado Profissional em Letras.

Références

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. Tradução Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.

CELMER Elisa Girotti. Violências contra a mulher baseada no gênero, ou a tentativa de nomear o inominável. In: ALMEIDA, Maria da Graça Blaya. A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre: Editora Universitária PUCRS, 2010.

DALCASTAGNÈ, Regina; LEAL, Vasconcelos Maria Virgínia. Deslocamentos de gênero na narrativa brasileira contemporânea. São Paulo: Ed. Horizonte, 2010.

DUARTE, Constância Lima. Gênero e violência na literatura afro-brasileira. In: Duarte, Constância Lima et al. (2010). Falas do outro: literatura, gênero, identidade, Belo Horizonte, Nandyala.

ENGEL, Cíntia Liara. As atualizações e a persistência da cultura do estupro no Brasil 2017 Texto para discussão / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. - Brasília: Rio de Janeiro: Ipea, 1990.

EVARISTO, Conceição. Dos sorrisos, dos silêncios e das falas. In: SCHNEIDER, Liane; MACHADO, Charliton (Orgs.). Mulheres no Brasil: Resistência, lutas e conquistas. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009.

EVARISTO, Conceição. Olhos d’ Água. 1ª ed. Rio de Janeiro: Pallas Biblioteca Nacional, 2016.

EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza; SCHNEIDER, Liane (Orgs.). Mulheres no mundo: etnia, marginalidade, diáspora. João Pessoa: Ideia: Editora Universitária da UFPB, 2005, p. 201 - 212.

FILHO, M. J. A família como espaço privilegiado para a construção da cidadania. Franca: 1998. 295p. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de História, Direito e Serviço Social. UNESP. Acesso em 14 jun.2019.

GOMES, Carlos Magno. Marcas da violência contra a mulher na literatura. Revista Diadorim, UFRJ, Rio de Janeiro. Volume 13, Jul. 2013. Disponível em: Acesso em: 13 jun. 2019.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. 2012. Disponível em: https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2017/03/Alguns-termos-e-conceitos-presentes-no-debate-sobre-Rela%C3%A7%C3%B5es-Raciais-no-Brasil-uma-breve-discuss%C3%A3o.pdf. Acesso em: 12 mai. 2019.

KUNZ, Marinês Andrea. Literatura e sociedade brasileira: Quincas Borba e o Humanitismo. In: SARAIVA, Juracy A.; ZILBERMAN, Regina. (Org.) Machado de Assis. Intérprete da sociedade brasileira. Porto Alegre: Zouk, 2020.

LAPA, Fabiana. A literatura das mulheres negras: A escrita como ferramenta de resistência e expressão. Disponível em: http://obviousmag.org/fabiana_lapa/2017/a-literatura-das-mulheres-negras-a-escrita-como-ferramenta-de-resistencia-e-expressao.html Acesso em: 09 Out. 2020.

LEAL, Vasconcelos Maria Virgínia. O gênero em construção nos romances de cinco escritoras brasileiras contemporâneas. In: DALCASTAGNÈ, Regina; LEAL, Vasconcelos Maria Virgínia. Deslocamentos de gênero na narrativa brasileira contemporânea. São Paulo: Ed. Horizonte, 2010.

LITERAFRO. O portal da literatura afro-brasileira. Conceição Evaristo. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188. Acesso em: 30 abril. 2019.

NASSIF, Luís. A vida e a obra de Conceição Evaristo. Cultura. GGN - O Jornal de todos os Brasis. 11-07-2016. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2019.

OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. “Escrevivência” em Becos da memória, de Conceição Evaristo. Estudos Feministas, Florianópolis, 17(2): 344, maio-agosto/2009, p. 621-623. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104026X2009000200019. Acesso em: 12 jun. 2019.

PEREIRA, Amauri Mendes. Trajetória e Perspectivas do Movimento Negro Brasileiro. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.

PEREIRA, Lúcia Regina Brito. A visibilidade da violência e a violência da invisibilidade sobre o negro no Brasil. In: ALMEIDA, Maria da Graça Blaya. A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre: Editora Universitária PUCRS, 2010.

SHARPE, Peggy. Entre resistir e identificar-se – para uma teoria da prática da narrativa brasileira de autoria feminina. Florianópolis, SC: Editora Mulheres, 1997.

SHOWALTER, Elaine (1994). A crítica feminista no território selvagem. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Tradução de Deise Amaral. Rio de Janeiro: Rocco, p. 23-57.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SOUZA, Claudenir de. Mulheres negras contam sua história. Brasília: Presidência da República, Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2013. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/202158795/Mulheres-negras-contam-sua-historia. Acesso em: 30 maio 2020.

TEIXEIRA, Níncia Cecília Ribas Borges. Escrita de mulheres e a (des)construção do cânone literário na pós-modernidade: cenas paranaenses. Guarapuava, PR: Unicentro, 2008.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência homicídio de mulheres no Brasil. 1ª ed. Brasília: Flacso Brasil, 2015.

ZAPATER, Maíra; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Manual de Direitos da Mulher. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.

Publiée

janvier 31, 2021

Comment citer

KUNZ, M. A.; CORRÊA, S. S.; MÜGGE, E. A violência de gênero em Olhos D’água, de Conceição Evaristo. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 10, n. 1, p. 11–34, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.10273660. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/2083. Acesso em: 22 juill. 2024.

Rubrique

Des articles