A representação da velhice em Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende
Résumé
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v7i1.1020
No presente artigo realizamos um estudo da representação da velhice e de aspectos predominantes na literatura brasileira contemporânea presentes no romance Quarenta dias (2014), da escritora paraibana Maria Valéria Rezende. A obra retrata os dramas vivenciados por Alice, uma professora de francês aposentada que reside em João Pessoa e que tem sua vida reconfigurada a partir da possível gravidez de sua filha. A personagem é obrigada a deixar para trás tudo o que havia construído no Nordeste para ir morar em Porto Alegre e se dedicar exclusivamente à condição de avó de um neto que ainda não havia sequer sido gerado. Definimos como principais objetivos deste trabalho propiciar visibilidade à literatura produzida por mulheres, sobretudo do Nordeste, e discutir o conflito existencial e social vivenciado por Alice nas trilhas do encontro consigo mesma neste processo de não reconhecimento da representação forjada para a pessoa “velha”, termo referido pelos personagens, em detrimento de idoso, sendo necessário ressignificar a própria identidade decorrente deste fenômeno social. Para embasarmos as discussões, pesquisarmos referenciais teóricos acerca: 1) da literatura contemporânea (MELO, 2010), (DALCASTAGNÈ, 2008, 2011), (SCHOLLHAMMER, 2009), (ARRUDA, 2012); 2) da velhice (BOSI 2012, 1997), (DEBERT,1998), (CANÔAS, 1983), (BEAUVOIR, 1983); 3) das proposições a respeito de identidades (BAUMAN, 2005, 2001), (Hall, 2014) e (WOODWARD, 2014).
Téléchargements
Références
ARRUDA, Angela Maria Pelizer de. Cultura e literatura contemporâneas: algumas abordagens do pós-moderno. Estação Literária, Londrina, v. 9, n. 1, p.220-237, jun. 2012.
BAKHTIN, Mikhail. Epos e Romance. In: Questões de literatura e de estética. 4 ed. São Paulo: UNESP, 1998. p. 397 – 428.
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Tradução: Carlos Aberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
________, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
BEAUVOIR, Simone. A Velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BOSI, Eclea. Memória: enraizar-se é um direito fundamental do ser humano. [2012]. Minas Gerais: Revista dispositiva. Entrevista concedida a Mozahir Salomão Bruck.
_____, Ecléa. Memória e Sociedade. Lembranças de Velhos. 15. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero:feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2016.
CANÔAS, Cilene Swain. A condição humana do velho. São Paulo: Cortez, 1983.
DALCASTAGNÈ, Regina. (Org.). Ver e imaginar o outro: alteridade, desigualdade, violência na literatura brasileira contemporânea. São Paulo: Horizonte, 2008.
DALCASTAGNÈ, Regina & THOMAZ, Paulo C. (Org.). Pelas margens: representação na narrativa brasileira contemporânea. São Paulo: Horizonte, 2011.
DEBERT, Guita. Pressupostos da Reflexão Antropológica Sobre a Velhice. In: DEBERT, Guita Grin. Antropologia e Velhice: Textos Didáticos, n.19, IFCH, 1998.
DEL PRIORE, Mary. História do amor no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
FOUCALT, Michel. A ordem do discurso. 24ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Editora Ática, 2002.
HADDAD, Eneida Gonçalves de Macedo. A ideologia da velhice. São Paulo: Cortez, 1986.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 17- 44.
JUSTINO, Luciano B. A crítica diante do trabalho imaterial. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 29, v. 18, p. 1-19, 2017. Disponível em Acesso em 27 de setembro de 2017.
MARTINS, A. F. Autoficções:do conceito teórico à prática na literatura brasileira contemporânea. 2014. 261 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Letras, PUCRS. Porto Alegre, 2014.
MELO, Cimara Valim de. O lugar do romance na literatura brasileira contemporânea. 2010. 278 f. Tese (Doutorado) - Curso de Letras Português, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
OLIVEIRA, Márcio de. O conceito de Representações Coletivas: ma trajetória da divisão do trabalho às formas elementares. Debates do Net, Porto Alegre, v. 22, n. 22, p.67-94, out. 2012.
PEREIRA, Márcia Moreira. Caos e violência: representações do urbano nos contos de Rubem Fonseca e de Marcelino Freire. Revista Língua & Literatura, Frederico Westphalen, v. 17, n. 28, p.53-65, ago. 2015.
RAMOS, Gilmaria Severiano. “Mulheres ‘imorais”, “desordeiras” e “desviantes”: jogos discursivos da imprensa”. In: LIMA, Marinalva Vilar de & CORDÃO Michelly Pereira de Sousa. (Organizadoras). Estudos Culturais. Campina Grande: EDUFCG, 2013. p. 31 - 58
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
RODRIGUES, Rosângela de Melo. Mulheres e amores em ficções de autoria feminina. Campina Grande: EDUFCG, 2016.
SCHOLLHAMMER, Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. enc
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, TomazTadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn (Org.). Identidade e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. 15. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014. p. 7-72.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Revista Letras Raras 2023
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale 4.0 International.