Pelas mãos dos Senhores do Campo Seco: fonte para estudo da história de penetração e propagação da língua escrita no alto sertão da Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10278088
Palavras-chave: Português brasileiro, Livro de fazenda, Índices grafo-fonéticos, Séculos XVIII e XIX

Resumo

Este artigo tem por finalidade apresentar o estudo linguístico de um manuscrito de foro privado, o Livro do Gado do Brejo do Campo Seco, escrito por um lusitano e seus descendentes brasileiros, no Sertão da Bahia, entre os fins do período colonial e meados dos tempos pós-coloniais.Trata-se de um testemunho linguístico relevante para os estudos da reconstrução social e linguística do português brasileiro e, em especial, para a história da penetração e difusão da escrita no interior da Bahia. Assim, buscou-se investigar os aspectos gráficos dos escreventes desse manuscrito, averiguando, numa perspectiva qualitativa, a questão da inabilidade/habilidade e a descrição de possíveis índices grafo-fonéticos. Para tal estudo, foram utilizados como aporte teórico Marquilhas (2000); Barbosa (1999, 2017). Sobre os resultados, constatou-se que os três autores do Livro do Gado são pouco hábeis com a prática escrita. Em relação ao levantamento de índices grafo-fonéticos, algumas ocorrências, depreendidas dos apontamentos dos brasileiros, aparentam ser aspectos de abaixamento de vogaisredução de ditongonasalizaçãoelevação de vogal. Já no que concerne aos traços gráficos, identificaram-se aspectos como: grafismolatinizaçãosubstituição de grafemaeliminação de grafemainversão de ordem de grafemagrafia para ditongo nasal e variação de vogal. Esta investigação colabora com a terceira pauta de pesquisas do PHPB, realizando o estudo linguístico do referido material e contribuindo, dessa forma, com um corpus significativo, para que seja possível a reconstituição do passado do português brasileiro (PB).

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Biografia do Autor

Elaine Brandão Santos, Universidade Estadual de Feira de Santana

Mestre em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É integrante do Projeto de Pesquisa CE-DOHS – Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão, desde a Iniciação científica como bolsista FAPESB, faz parte também dos projetos Vozes do Sertão em dados: histórias, povos e formação do português brasileiro e Documentos do Sobrado do Brejo Seco (Séculos XVIII, XIX e XX).

Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda, Universidade Estadual de Feira de Santana

Doutora em Linguística pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2009, com estágio de doutoramento na Universidade de Lisboa (UL), financiado pela CAPES. Pós-Doutorado em Linguística pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em 2019. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), onde é Professora Titular, coordena o Núcleo de Estudos de Língua Portuguesa (NELP) e o projeto Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão (CE-DOHS/FAPESB). Membro do Programa para a História da Língua Portuguesa (PROHPOR), do Projeto Nacional para a História do Português Brasileiro (PHPB) e da Comissão Científica Internacional do Projeto Pombalia – Pombal Global.

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Publicado em

31 de janeiro de 2021

Como Citar

SANTOS, E. B.; LACERDA, M. F. de O. Pelas mãos dos Senhores do Campo Seco: fonte para estudo da história de penetração e propagação da língua escrita no alto sertão da Bahia. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 10, n. 1, p. 169–187, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.10278088. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/2097. Acesso em: 22 dez. 2024.

Seção

Artigos