Mito e distopia: os ritos de “Fahrenheit 451”
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.10278562Resumo
Esse artigo objetiva verificar a manifestação do mito como mecanismo de poder na ficção utópica/distópica a partir do exame de suas práticas litúrgicas (ritos). Para tanto, discutir-se-á a relação entre utopia e mito, partindo da reflexão proposta por Hilário Franco Júnior (1992; 2018) a respeito das utopias medievais e de sua ligação com as noções de ideologia e liturgia; em seguida, tratar-se-á do conceito de rito, destacando sua importância para a consolidação e manutenção da narrativa mítica como elemento estruturante da diegese utópica/distópica; e, por fim, examinar-se-á a função que o mito (materializado por meio das práticas litúrgicas de um grupo) exerce enquanto expressão de uma estrutura de poder na utopia/distopia. Os argumentos construídos no decurso das seções teóricas serão ilustrados por meio de uma análise de Fahrenheit 451, de Ray Bradbury (obra selecionada com a finalidade de ratificar a hipótese sustentada por essa pesquisa de que utopia e distopia são conceitos equivalentes).Downloads
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