Entre a razão e a paixão: o mito ovidiano de Píramo e Tisbe revisitado em Romeu e Julieta, de Shakespeare

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10058920
Palavras-chave: Píramo e Tisbe, Romeu e Julieta, Estoicismo senequiano, Affectus, Tragédia

Resumo

O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise de duas obras literárias: Romeu e Julieta de William Shakespeare e o mito Píramo e Tisbe, presente no livro IV das Metamorfoses do poeta latino Ovídio. Ao comparar os dois textos, investigamos seus aspectos trágicos à luz do Estoicismo, como proposto pelo filósofo e tragediógrafo latino Sêneca. Os principais aportes teóricos são os textos de Sêneca, Cícero e Brun (1986) para as discussões acerca do Estoicismo; Aristóteles, Ubersfeld (2010) e Brait (1980) para as considerações acerca da personagem e do trágico; Bate e Rasmussen (2007) e Heliodora (2016) para discussões sobre Shakespeare; Closel (2011), Lucas (1922), e Lohner e Freitas (2014) para orientar as considerações acerca da influência latina no teatro Elisabetano. Consideramos que as personagens responsáveis por moverem os enredos nas duas obras deixam-se influenciar pelo affectus e, tomados pela paixão, contrária à razão, tomam decisões imprudentes que resultam em catástrofes. As catástrofes semelhantes em Shakespeare e em Ovídio retratam as consequências da alma que permite que a paixão se instale, colocando de lado a sua racionalidade. A morte trágica, como resultado do não comedimento, funciona, no trágico, como um recurso pedagógico aos leitores dos textos trágicos em questão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jorge Alves Pinto, Universidade Federal da Paraíba

Possui graduação em Letras - Língua Inglesa pela Universidade Federal de Campina Grande (2020) e
atualmente é aluno especial do mestrado em Literatura na Universidade Federal da Paraíba. Áreas de
interesse: Literaturas de Língua Inglesa, particularmente narrativas escritas no século XIX, narrativas
homoeróticas e Estudos Literários.

Viviane Moraes de Caldas, Universidade Federal de Campina Grande

Professora Adjunta de Latim, na Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. Doutora em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadora Visitante, no Instituto de Filologia Clássica da Universidade de Viena (Áustria, 2017). Mestre em Letras (Linguagem e Ensino) pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.

Aristotle. Poetics. Aristotle in 23 Volumes, Vol. 23, translated by W.H. Fyfe. Cambridge, MA, Harvard University Press; London,1932.

BATE, Jonathan & RASMUSSEN, Eric. William Shakespeare: Complete Works. The Royal Shakespeare Company: Macmillan, 2007.

BRAIT, Beth. A Personagem. São Paulo: Ática, 1990.

BRUN, Jean. O estoicismo. São Paulo: Edições 70, 1986.

CICERO. Discussões tusculanas. Tradução Bruno Fregni Bassetto. Uberlândia: EDUFU, 2014.

CLOSEL, Régis Augustus Bars. Revisando a História da Influência de Sêneca em Shakespeare. Letrônica, v. 4, n. 1, p. 105-121, 2011.

DIÔGENES LAÊRTIOS. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução, introdução e notas de Mário da Gama Kury. 2. ed., reimpressão. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.

ERNOUT, Alfred; MEILLET, Alfred. Dictionnaire Étymologique de la Langue Latine: Histoire des mots. Retirage de la 4e. édition, nouveau format. Paris: Klincksick, 2001.

GAFFIOT, F. Le Grand Gaffiot: Dictionnaire Latin Français. 30éme éd. Paris: Hachette, 2000.

HELIODORA, Bárbara. Introdução. In: SHAKESPEARE, WILLIAM. Romeu e Julieta. Tradução e introdução de Bárbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

LOHNER, José Eduardo dos Santos; FREITAS, Renata Cazarini de. Reconhecer e traduzir traços de Sêneca em Shakespeare. Cadernos de Tradução, v. 1, n. 33, p. 287-289, 2014.

LUCAS, Frank Laurence. Seneca and Elizabethan tragedy. University Microfilms, 1922.

LUNA, Sandra. Arqueologia da Ação Trágica: o legado grego. - João Pessoa: Idéia, 2005.

OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução, introdução e notas: Domingo Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017.

OVID, Metamorphoses. Translated by Frank Justus Miller, Loeb Classical Library, 2 vols. Cambridge, MA: Harvard University Press, v. 1, pp. 182-189, 1994.

SÊNECA. Cartas a Lucílio. Tradução J. A. Segurado e Campos. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014.

SÊNECA. Sobre a Ira. Sobre a Tranquilidade da Alma. Tradução, introdução e notas de José Eduardo S. Lohner. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2014.

SENECA. The Moral Epistles. Translated by Richard Mott Gummere. In: The Complete Works of Seneca the Younger. United Kingdom: Delphi Classics, 2014.

_______. On Anger. Translated by Aubrey Stewart. In: The Complete Works of Seneca the Younger. United Kingdom: Delphi Classics, 2014.

SHAKESPEARE, WILLIAM. Romeu e Julieta. Tradução e introdução de Bárbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

SHAKESPEARE, William. Romeo and Juliet. Ed. Cedric Watts. Hertfordshire: Wordsworth Editions Limited, 2000.

UBERSFELD, Anne. Para ler o teatro. Tradução José Simões (coord.). São Paulo: Perspectiva, 2010.

Downloads

Publicado em

1 de outubro de 2021

Como Citar

PINTO, J. A.; CALDAS, V. M. de. Entre a razão e a paixão: o mito ovidiano de Píramo e Tisbe revisitado em Romeu e Julieta, de Shakespeare. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 10, n. 3, p. 162–185, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.10058920. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1940. Acesso em: 3 jul. 2024.

Seção

Artigos