Possessão poética: linguagem e loucura em King Lear

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.8302701
Palavras-chave: Rei Lear, William Shakespeare, Linguagem, Drama, Literatura inglesa

Resumo

A linguagem, como problema e como força ativa, está no centro da tragédia de Rei Lear, bem como estrutura simbólica e concretamente todo seu drama. O problema da linguagem está no conflito entre o discurso adulador de Regan e Goneril e o discurso sincero de Cordélia e Kent; está na ilogicidade da loucura fingida do Bobo e na loucura real de Lear. Lear confia na palavra ornada de falso decoro e desconfia da palavra nua, e nisso está o motivo de sua queda. Partindo da noção da centralidade da linguagem para a peça, desejamos neste artigo explorar tal questão e averiguar em que medida a linguagem é mais do que um instrumento em Rei Lear e constitui uma verdadeira dimensão autônoma que interage com os acontecimentos da peça e a qual Lear atravessa em sua jornada através da loucura. Para tanto, procedemos em nosso estudo através de três seções, nas quais, respectivamente, analisamos questões de linguagem, primeiro, nos discursos de Goneril e Regan, Cordélia e Kent, segundo, no discurso do Bobo e, terceiro, no discurso de Lear louco. Concluímos que o germe da tragédia do rei consiste em sua excessiva confiança nas palavras: para ele, no início da peça, linguagem e realidade se confundem. Quando essa visão é abalada, linguagem e realidade se desestruturam para ele e Lear cai em sua loucura, na qual, por vez e de um modo diferente, linguagem e realidade voltam a se confundir, não como aparência vazia como antes, mas agora como realidade poética.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Angiuli Copetti de Aguiar, Universidade Federal de Santa Maria

Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria (2022).

Referências

BUSSMANN, H. ‘Language’. In: Routledge Dictionary of Language and Linguistics. Routledge: London, 1998. Tradução e organização: Gregory Trauth e Kerstin Kazzaz.

ELIOT, T. S. ‘Hamlet’. In: Selected Essays. Faber & Faber: London, 1932, pp. 141-146.

FLAW. In: American Heritage Dictionary of the English Language. Fifth Edition. 2011. Disponível em: https://www.thefreedictionary.com/flaw. Acesso em 14 jan. 2023.

FLAW. In: Collins English Dictionary – Complete and Unabridged. 12th Edition. 2014. Disponível em: https://www.thefreedictionary.com/flaw. Acesso em: 14 jan. 2023.

HARPER, D., “Etymology of fool,” Online Etymology Dictionary. (Acesso 14 janeiro 2023, disponível em <https://www.etymonline.com/word/fool>).

HERMAN, D. Language in King Lear and Pantagruel. In: NADEAU, D. (Ed.). The Journal of the Core Curriculum. Vol. XV. Boston: Boston University, Spring 2008, pp. 110-117.

MCKENNA, A. J. ‘Shakespeare’s linguistic turn in King Lear’. Anthropoetics. Vol. XXV, nº 1. Los Angeles: University of California, Fall 2019. Disponível em: https://anthropoetics.ucla.edu/ap2501/2501mckenna/. Acesso em: 3 jun. 2023.

SHAKESPEARE, W. King Lear. In:______. The Complete Works of William Shakespeare with Complete Notes of the Temple Shakespeare. New York: Grosset & Dunlap, 1911, pp. 1053-1092 Organização: William George Clark e William Aldis Wright.

______. Rei Lear. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2020. Tradução: Lawrence Flores Pereira.

ZITNER, Sheldon. P. ‘King Lear and its language’. In: COLIE, R. L.; FLAHIFF, F. T. (org.). Some Facets of King Lear: essays in prismatic cirticism. Toronto: University of Toronto Press, 1974.

Downloads

Publicado em

31 de agosto de 2023

Como Citar

AGUIAR, A. C. de . Possessão poética: linguagem e loucura em King Lear. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 12, n. 2, p. 276–290, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.8302701. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/721. Acesso em: 21 nov. 2024.

Seção

Artigos de temas livres