Da exterioridade à interioridade: a evolução da posição do narrador na arte de ficção
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.17970086Keywords:
Teoria Crítica, Crítica Literária, Estética, Modernidade, AutoficçãoAbstract
Este artigo tem por objetivo desenvolver uma reflexão teórica relacionada à evolução da arte de narrar à posição do narrador na arte ficcional. Trata-se mais especificamente de refletir sobre como evoluiu, notadamente na sociedade moderna, a relação dialética entre interioridade e exterioridade na arte de narrar. Esta reflexão teórica se funda num diálogo entre a obra Teoria do Romance de Lukacs e o ensaio de Theodor Adorno intitulado justamente A posição do narrador no romance contemporâneo (1954), no qual o autor reflete sobre os desafios e a evolução na arte narrativa no século XX em relação ao século XIX. O que enseja essa discussão teórica é a experiência de um professor que vivencia o estranhamento que provoca nos estudantes de literatura em língua francesa a grande diferença da posição que ocupa o narrador no romance do século XIX e o do século XXI. Partindo de uma discussão teórico-crítica, o objetivo deste artigo é refletir sobre como se desenvolve a relação entre interioridade e exterioridade, ou subjetividade e objetividade, dois séculos após o amadurecimento do romance moderno na França, que evolui de uma posição do narrador representando a tensão entre exterioridade e interioridade, como primazia da primeira, no sentido de uma primazia da interioridade, notável contemporaneamente pela grande produção autoficcional.
Downloads
References
ADORNO, Theodor. Notas de Literatura I. São Paulo: Editora 34, 2003.
BAUDELAIRE, Charles. Fusées. Paris: Les Éditions G. Crès, 1920.
BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. Trad. Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução de Estela dos Santos Abreu, Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 1997.
DUBOIS, Jean-Paul. Tous les hommes n'habitent pas le monde de la même façon. Paris: Éditions de l'Olivier, 2019.
DUFOUR, Dany-Robert. A arte de reduzir as cabeças: sobre a nova servidão na sociedade ultraliberal. Tradução de Sandra Felgueiras. São Paulo, Companhia de Freud, 2005.
JAPPE, Anselm. Sociedade Autofágica: capitalismo, desmesura e autodestruição. Tradução de Júlio Henriques. São Paulo: Elefante, 2021.
KORNBLUH, Anne. Imediatez. ou o estilo do capitalismo tardio demais. Tradução: Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2025.
KORNBLUH, Anne; BARROS, Antonio. Entrevista. Carbono, vol. 1 – dezembro de 2024. ISSN: 3085-7066
LUKÁCS, Georg. Teoria do Romance. São Paulo: Editora 34, 2009.
OLIVEIRA, Robson J. F de. O homem sem qualidades à espera de Godot. São Paulo: Hedra, 2020.
ROLIN, Olivier. Extérieur monde. Paris: Gallimard, 2019.
SPERBER, Suzi Frankl. Ficção e razão: uma retomada das formas simples. São Paulo: Aderaldo & Rothschild: Fapesp, 2009.
WOOD, James. Como funciona a ficção. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Revista Letras Raras

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.





