Linguística e Literatura: diálogos possíveis

Resumen

Tratamos aqui do diálogo entre linguística e literatura por meio da análise da contribuição de Roman Jakobson sobre as relações entre esses dois campos e pela contribuição da linguista brasileira Maria Helena de Moura Neves, que aborda essa relação de maneira distinta dos conceitos de Jakobson. O propósito deste trabalho é elaborar uma reflexão crítica a respeito dos limites, fronteiras e interdependências entre dois dos principais troncos das Ciências da Linguagem: o linguístico e o literário. Partimos da pesquisa de cunho bibliográfico de Roman Jakobson e Roland Barthes, um dos seguidores do Mestre Russo, que compartilham de uma visão saussuriana da linguagem, para abordar as relações entre esses dois campos das Ciências da Linguagem que, de acordo com nossas discussões, não podem ser tratados de modo independente. Para ilustrar essa abordagem, há uma breve análise de texto literário, no qual utilizamos os conceitos linguísticos propostos por Jakobson para compreensão da obra. Para completar nossas análises, fomos buscar as relações linguísticas de um outro ângulo, no sentido de debater as estruturas gramaticais desvendadas nas obras literárias por meio da presença do fazer metalinguístico no texto poético. Selecionamos textos da linguista e estudiosa da gramática Maria Helena de Moura Neves, nos quais – agora, sob uma perspectiva pragmática – a linguista apresenta estudos gramaticais, cujo ponto de partida são textos literários, que estão ali para, no caso, tornar mais acessível a compreensão dos mecanismos gramaticais do discurso. Assim, pretendemos desenvolver neste trabalho o debate sobre essa mão dupla entre a linguística e a literatura.