Reflexões feministas e maternas em narrativas contemporâneas escritas por mulheres

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.8415158
Palavras-chave: Maternidade, Maternagem, Feminismo, Narrativas contemporâneas

Resumo

A romantização da maternidade funciona como um meio de controle dos corpos e da reprodução no sistema patriarcal, tornando-a compulsória: constrói-se a crença de que mulheres só se tornam plenas após terem filhos e se coloca o amor materno como meio de exploração do cuidar, algo que não se impõe aos pais. Apesar da idealização, na realidade as mães queixam-se de exaustão, solidão e carecem de políticas públicas e apoio social. O movimento feminista precisa encarar as pautas maternas como fundamentais ao movimento de libertação das mulheres, envolvendo desde os direitos sexuais e reprodutivos à divisão de tarefas e sobrecarga mental. Também atravessamas categorias de raça e classe, sendo as mulheres negras e seus filhos as maiores vítimas de violências. Escritoras contemporâneas estão atentas a essas questões e dessacralizam a maternidade em diversas narrativas. Esse artigo tem como objetivo trazer uma reflexão feminista sobre a maternagem, não encarada como algo natural e impositivo a
todas as mulheres, mas como um processo que envolve uma série de questões culturais e políticas, a partir da leitura e discussão de autoras como Adichie (2017), Collins (2019), hooks (2019 e 2020), Mendonça (2014), D’Ávilla (2019) e Gonzalez (2020) e de um panorama de narrativas de autoras contemporâneas do Brasil, Canadá, Caribe e países africanos, como Atwood (2017), Condé (2020), Emecheta (2018), Evaristo (2016), Leite (2004), Luft (2012), Mukasonga (2017), Munro (2014), Ntshingila (2016) e Rezende (2014), o que justifica a pertinência do tema para além das fronteiras nacionais.

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Biografia do Autor

Paloma do Nascimento Oliveira, Secretaria da Educação e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba

Professora da Secretaria da Educação e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, Campina Grande,
PB, Brasil. Doutora em Letras. Atua nas áreas de Teoria da Literatura, Literatura Medieval e Gênero.

Tássia Tavares de Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande

Doutora Professora da Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil. Doutora
em Letras. Atua nas áreas de Literatura, Gênero e Ensino.

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Publicado em

29 de dezembro de 2021

Como Citar

OLIVEIRA, P. do N.; OLIVEIRA, T. T. de. Reflexões feministas e maternas em narrativas contemporâneas escritas por mulheres. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 10, n. 4, p. 79–97, 2021. DOI: 10.5281/zenodo.8415158. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1337. Acesso em: 21 dez. 2024.

Seção

Artigos de temas livres