Construção da memória coletiva pela literatura: mulheres na América

Autores

Palavras-chave: Memória, Prisma feminino, ; Romance histórico

Resumo

DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i2.1756

Perante a historiografia oficial, os grandes acontecimentos em relação aos descobrimentos de novas terras e os movimentos migratórios eram apresentados pelas figuras masculinas. Assim sendo, a história tradicional não considerava, por exemplo, o ponto de vista feminino. Dessa forma, houve um apagamento da presença, da atuação e dos sentimentos da mulher em relação aos fatos ao seu redor. Todavia, a literatura surge com o intuito de propor novas abordagens desse passado, apresentar um discurso subjetivo e descentralizado ao mesmo tempo, bem como preencher as lacunas deixadas por testemunhos centrais e oficiais. É por meio do discurso memorialístico que muitas personagens femininas obtêm a oportunidade de que sejam expostos seus prismas e que seja ofertada à historiografia oficial alternativas criativas e inovadoras para muitos de seus acontecimentos. As narrativas híbridas de história e ficção podem ser apresentadas pelas versões acríticas, críticas desconstrutivas e mediadoras. Assim, as diegeses romanescas podem ofertar ao seu leitor inúmeras versões de um mesmo evento e buscar enaltercer ou contestar determinados acontecimentos pela arte literária. Nesse sentido, tencionamos usar romances históricos que apresentam discursos memorialísticos para dar foco às nossas análises. Consequentemente, nessa linha de estudo, esse artigo conta com o suporte teórico de Halbwachs ([1968] 2003), Bernd (2013), Candau (2016) e Fleck (2017).

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Biografia do Autor

Beatrice Uber, UNIOESTE

Doutoranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu na UNIOESTE. Mestre em Letras pela UNIOESTE (2017).

Leila Shaí Del Pozo González, UNIOESTE

Doutoranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu na UNIOESTE. Mestre em Letras pela UNIOESTE (2017). Professora colaboradora na faculdade de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Marina Luísa Rohde, UNIOESTE

Doutoranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu na UNIOESTE. Mestre em Letras pela UNIOESTE (2018)

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Publicado em

24 de setembro de 2023

Como Citar

UBER, B. .; GONZÁLEZ, L. S. D. P. .; ROHDE, M. L. . Construção da memória coletiva pela literatura: mulheres na América. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 9, n. 2, p. Port. 68–93 / Eng. 66, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1170. Acesso em: 27 abr. 2024.

Seção

Dossiê: Narrativas memoriais e pós-memoriais