Literatura-remela: a memória nos romances O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam e Nunca houve tanto fim como agora, de Evandro Affonso Ferreira
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8367196Resumo
Neste artigo, buscamos investigar o dispositivo da memória na literatura brasileira contemporânea a partir dos romances O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam (2012) e Nunca houve tanto fim como agora (2017), ambos de Evandro Affonso Ferreira. Para isso, valemo-nos das contribuições teóricas, no que tangem a memória, de Benjamin (1994), Dalcastagnè (2003), Candido (2006), Gagnebin (2006), Halbwachs (2004), Pollak (1989), Ricoeur (2007), Sarlo (2007), Schollhammer (2007) e Seligmann-Silva (2005). Como compreende Candido (2006), literatura e sociedade estão indissociavelmente ligadas, sendo a primeira imbricada de versões da segunda. Nesse sentido, a hipótese é de que a recorrência do recurso memorialístico caracteriza uma literatura brasileira que rememora por meio da escrita, e o faz diante da necessidade de ajustar as contas com um passado violento e não resolvido. Dessa forma, analisando as obras literárias supracitadas, é possível verificar que o uso da memória é um meio para reivindicar outras versões da História, trazendo à tona indivíduos e narrativas historicamente invisibilizados.
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