O olhar gauche de Carlos Drummond de Andrade
Résumé
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v3i1.236
Ler Carlos Drummond de Andrade é descobrir um universo de pedras, enigmas, sombras, personagens, amores, reflexões, lições e impurezas. Autor de uma obra imensa e densa foi na poesia que se expressou de forma mais íntima e intensa. Em seu processo de composição, além da técnica literária, da inspiração e da matéria-prima (a palavra), Drummond valeu-se do olhar. O olhar é um trabalho de atenção, seleção e aprofundamento da realidade circundante. Ele é capaz de angustiar, instigar, prender nossa atenção, sobretudo, nos levar a reflexão. Através dele, o poeta procurou desvendar os mistérios da vida humana. Portanto, propomo-nos a refletir sobre o olhar gauche do poeta em suas obras Alguma Poesia (1930) e Brejo das Almas (1934). Em sua obra de estreia, em tom confessional, o poeta declarou ser gauche, ou seja, torto, esquerdo, marginalizado. Sua declaração tornar-se-ia no decorrer do tempo sua personalidade estética, como assinalou o estudioso Affonso Romano de Sant’Anna. A metodologia desse artigo é bibliográfico-exploratório embasado em estudos de teóricos como Silviano Santiago, José Guilherme Merquior, Rita de Cássia Barbosa, Marilena Chauí entre outros. Portanto, a poesia drummondiana nos faz olhar e admirar um poeta que nasceu gauche, cuja história é mais ‘bonita que a de Robinson Crusoé’ e cujo verso foi sua ‘consolação e sua cachaça’.
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