Uma preta periférica no poder: possíveis ethé e representações evocados por Áurea Carolina
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i4.1337
Este trabalho procura refletir, sob o prisma da Análise do Discurso (AD), acerca de duas entrevistas concedidas por Áurea Carolina após ser eleita vereadora, com votação expressiva, por Belo Horizonte/MG em 2016. A análise das falas dessa mulher jovem, negra, de periferia e “sem apadrinhamento político” nos leva à impressão de estarmos diante de uma “nova forma de fazer política”. Dentro de tal ótica, a proposta foi tentar compreender como as representações sociais e os imaginários podem estar presentes no ethos construído pela vereadora nessa escalada ao poder. Áurea surge na cena política com uma “campanha coletiva da multiplicidade”, valendo-se de discursos que pautavam o direito à identidade, o igualitarismo e a solidariedade, o que para Charaudeau (2006) coincide com a construção de um imaginário da “soberania popular” (mito da democracia). Nesse contexto, percebe-se a demanda de uma coletividade por um tipo específico de liderança, um ethos em certa medida coincidente com a imagem que a vereadora deixa transparecer. Tal percepção nos mostra que os imaginários, também circulantes em torno desse sujeito político, envolvem a crença de que a sua proximidade com as classes menos favorecidas pode legitimá-la como representante desses grupos.
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