O oco, o mundo: teatralidade e resistência ao sofrimento
Abstract
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i1.1181
Em torno do livro infantil O teatro de sombras de Ofélia (2000), de Michael Ende, nesse artigo pensamos o conceito de teatralidade como um movimento de criação por meio do qual a protagonista pode resistir ao sofrimento. Pondo em diálogo, fundamentalmente, os conceitos de espaço transicional e impulso criativo, de D.W. Winnicott (1975), ritornelização, da esquizoanálise, e as discussões sobre teatralidade registradas por Sarrazac em A invenção da teatralidade (2013), observamos o corpus como espécie de manifesto em defesa da dor e do sentir a dor como experiência de recriação da vivência a partir da ruína. Inicialmente trazemos reflexões, em diálogo com a obra de Michael Ende, a respeito da arte e do brincar criativo como mecanismos de construção de um espaço de estabilidade e amadurecimento. Para tanto nos baseamos especialmente nos trabalhos de Antonio Candido, Todorov, Michèle Petit e Winnicott. Posteriormente trazemos uma proposição de leitura a partir de elementos da composição teatral que se destacam no corpus, buscando compreender a relação entre eles, o efeito de teatralidade, o conceito de espaço transicional de Winnicott e um movimento de resistência ao sofrimento realizado pela protagonista.
Downloads
References
BACHELARD, Gaston. A Poética Do Espaço. Trad. Antônio de Padua Danesi. Martins Fontes: São Paulo, 1989.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem – Estrela da Manhã. Paris: ALLCA XX/ Fondo de cultura econômica, 1998. p. 12.
CANDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, v. 4. São Paulo: 34, 1997.
ENDE, Michael. O Espelho no Espelho. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
______. A História Sem Fim. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
ENDE, Michael; HECHELMANN, Friedrich. O Teatro de Sombras de Ofélia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2000.
ENDE, Michael; KEHN, Regina. O longo caminho até Santa Cruz. São Paulo: Ática, 1999.
FINTER, Helga. A teatralidade e o teatro. Espetáculo do real ou realidade do espetáculo? Notas sobre a teatralidade e o teatro recente na Alemanha. Teatro al Sur,n. 25, out. 2003.
GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: 34, 1992.
PETIT, Michele. A arte de ler: ou como resistir à adversidade. Tradução de Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: 34, 2009.
SARRAZAC, Jean-Pierre. A invenção da Teatralidade. Trad. Silvia Fernanda da Silva Telesi. Revista Sala Preta. v. 13. n. 1, jun. 2013, p. 56-70.
TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Tradução de Caio Meira. Rio de Janeiro: Difel, 2010.
WINNICOTT, Donald Woods. O Brincar e a Realidade. Tradução de Jose Octávio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Cosac Naify, 2.ed., 2007.
Published
How to Cite
Section
License
Copyright (c) 2023 Revista Letras Raras
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.