Ventos do apocalipse e a relação com Ecofeminismo
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.8401280Resumo
O pensar a literatura ganha novas conotações quando entram em cena os estudos eco-ambientais que, por meio de uma ecomímese, confere um caráter prosopopéico ao meio-ambiente físico e aos indivíduos outremizados pela animalização que o homem lhes confere. Desse modo, partir da relação entre a literatura e o meio natural, este trabalho objetiva refletir acerca do lugar que a mulher ocupa na narrativa por meio de uma perspectiva ecofeminista a partir da realidade apocalíptica dos traumas e violências que se abatem sobre a figura da protagonista feminina do romance Ventos do apocalipse (1999), de Paulina Chiziane. Desse modo, por meio de uma pesquisa de cunho qualitativo, documental e bibliográfico, utilizamos as considerações de Deegan; Podeschi (2001), Garrad (2006), Kuhnen (2017), Plumwood (1993) e Spivak (1985) para fundamentar a discussão e análise da narrativa corpus deste artigo. Como resultados alcançados, pudemos compreender como o feminino está associado ao meio natural por meio da formação ideológica patriarcal que subalterniza e outremiza a mulher na metáfora colonial que, de forma dicotômica, hierárquica e desigual coloca em polos opostos o masculino e o feminino.
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