A palavra em declínio: um autor à procura da escrita no conto As três toucas brancas, de Breno Accioly
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i3.1702
Este artigo propõe-se a analisar, por meio de uma leitura comentada que privilegia o exame da estruturação da voz narrativa, o conto As três toucas brancas, que integra o livro de estreia de Breno Accioly (1921-1966), João Urso, lançado em 1944 pela EPASA. Como atestam os fragmentos de rodapés publicados em periódicos e que estampam a quarta capa da primeira edição do livro, essa obra foi bem acolhida pelo meio literário e rendeu ao escritor dois importantes prêmios: o Graça Aranha e o Afonso Arinos. As três toucas brancas tem por narrador Sigismundo, médico de formação cujo desejo sempre foi escrever. Esse narrador-protagonista aflige-se, no momento da enunciação, por um duplo tormento: às dificuldades financeiras que atravessa soma-se uma enorme incapacidade de escrever. É sob o peso dessa angústia que recebe, de um pintor que percorre a cidade, a oferta singular para pintar os seios de sua esposa. Sigismundo, então, vê-se tomado pelo dilema de contar ou não à mulher a proposta que recebera. Homem subterrâneo do Sertão, Sigismundo destaca-se no torturante universo de personagens atormentadas criadas por Breno Accioly, cuja obra, de teor autobiográfico, é pouco conhecida do público leitor atual.
Downloads
Publicado em
Como Citar
Seção
Licença
© 2023 Revista Letras Raras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.