Literatura e representação: uma análise crítica de Cacau, de Jorge Amado
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i2.1763 O presente texto pretende analisar o romance Cacau (1933), de Jorge Amado, em uma perspectiva da literatura como representação, na esteira dos estudos de Louis Marin e Roger Chartier, considerando o texto literário como a representação das sensibilidades de determinados homens, em determinadas épocas, da ideia que faziam de sua própria sociedade, dos significados que almejavam construir, ou a maneira como apreendiam o mundo em que viviam. Nesse sentido, propomos uma oposição à ideia de que a referida obra, circunscrita pela crítica marxista como romance proletário e regionalista, é uma homologia das estruturas sociais da realidade que lhe é referente, uma vez que buscamos construir um estudo mais próximo das correntes teóricas que investigam a cultura não como um nível de realidade adstrito às determinações socioeconômicas, mas como uma dimensão complexa do homem que, de maneira alguma, pode ser explicada por modelos reducionistas e deterministas. Assim, a noção de representação nos permitiu compreender as relações que o autor ou o grupo do qual ele fez parte mantiveram com o mundo social, como uma construção multifacetada, constituída de posições, escolhas e interesses. Baseado em Jauss, propomos que não há um sentido oculto, mas uma significação que se dá na relação obra e leitor.Downloads
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