O conto rodrigueano e a constituição do corpo sem órgãos: interfaces entre literatura e filosofia
Résumé
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v7i1.1013
O presente artigo é uma proposta de leitura dos textos “O escravo etíope” e “Uma senhora honesta” publicados na coletânea de contos denominada A vida como ela é, do escritor Nelson Rodrigues. Na análise das narrativas, estabelecemos uma relação dialógica entre a literatura e a filosofia, visando compreender a constituição identitária das protagonistas femininas, o modo como desenvolvem suas subjetivações considerando algumas implicações inerentes à discussão de gênero, no contexto do Brasil das décadas de 1950/60, a partir do conceito de Corpo sem órgãos desenvolvido pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari nas obras O anti-Édipo e Mil platôs. Entende-se que as personagens principais dos contos supracitados, cognominadas Margô e Luci, se constituem como “Corpo sem órgãos” quando rompem com os valores e com a práxis dos organismos institucionais, como a família – ou com a organização da sociedade vigente – seja essa transgressão com os padrões burgueses, no primeiro conto, ou com a moral fundamentalista e conservadora, no segundo.
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