A construção do ardil feminino na literatura: sob a perspectiva de Penélope e Capitolina
Resumo
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v3i1.233
A Odisseia, escrita por Homero (século VIII a.C), apresenta Penélope, rainha de Ítaca que para evitar um novo casamento cria um ardil com a tecelagem da mortalha de seu sogro – Laertes. Já em Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis (1899), há a emblemática Capitolina, sobre a qual o próprio narrador conclui: “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura muito particular, mais mulher do que eu era homem” (Assis, 1994, p. 30). Se Capitu, personagem magistralmente construída por Machado de Assis no século XIX, serve de baliza moderna, voltemos os olhos para Penélope, no universo mítico da Odisseia, cuja beleza e papel feminino merecem especial destaque. Desse encontro de mulheres/ mundos/ distantes e diferenciados, uma terceira obra surge como necessária: A Odisseia de Penélope, de Margaret Atwood (2005), cujo intuito é dar voz à personagem silenciada e mostrar um ponto de vista diferente daquele proposto por Homero, isto é, representar a posição ativa da personagem que está subentendida no texto homérico. Sendo assim, a problemática do trabalho volta-se à caracterização do ardil feminino através das personagens Penélope e Capitolina, das obras Odisseia e Dom Casmurro, tendo como extensão teórico/crítica a visão de Margaret Atwood. A Odisseia, de Homero, e Dom Casmurro, de Machado de Assis, enfocam as personagens femininas, Penélope e Capitu, pelos olhos comprometidos e comprometedores de narradores masculinos. Entretanto, a Penélope, de A Odisseia de Penélope, possui voz expressa e expressiva na sua modernidade. Todas, porém, à sua maneira, encontram um estratagema para marcar as suas feminilidades.
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