O crime da Galeria de Cristal, de Boris Fausto: um estudo sobre intermídia e sensacionalismo
Resumen
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v9i4.1814
O presente artigo tem por objetivo analisar o conceito de intermídia no livro O Crime da Galeria de Cristal e os dois crimes da mala: São Paulo, 1908-1928 (2019), do historiador e escritor brasileiro Boris Fausto. Pretende-se apontar e discutir as intersecções e fronteiras midiáticas entre as várias esferas que se entrelaçam na sua escrita, bem como observar o surgimento do sensacionalismo na imprensa brasileira, sobretudo, por meio de faits divers. Para dar suporte a esse estudo, nos baseamos no conceito de intermídia, de Higgins (2007), o qual pode ser visto no livro de Fausto (2019) através da presença de traços de origens múltiplas, como da literatura, jornal, rádio, cinema e teatro, que se conectam por meio do interesse grotesco e sanguinário da sociedade por crimes, principalmente, assassinatos. Embora as três histórias do livro de Fausto (2019) sejam factuais, ambas ocorridas em meados do século XX, em São Paulo, assemelham-se bastante a contos. Essa dificuldade em classificar essa escrita dentro dos moldes de gêneros textuais e literários também vem a ser uma característica da intermídia. Ademais, pela presença de fragmentos tanto imagéticos quanto textuais, pode ser visto como uma escrita de almanaque, segundo Dias (2016). Tudo isso, sob uma atmosfera de suspense que remete às narrativas policiais. Nesse sentido, também nos pautamos em alguns teóricos que discorrem sobre o universo literário policialesco, como Moraes (2019), Pontes (2007), Reimão (2005), Souza (2000), Piglia (1986) e Albuquerque (1979); para refletir as relações de literatura e outras linguagens: Antelo (2000), Brait (2010), Glória (2006) e Longui (2020).
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