Dois caminhos de leitura dos livros ilustrados: Menina Bonita do Laço de Fita e Niña Bonita, de Ana Maria Machado
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.10135423Abstract
Este artigo analisa a relação entre as narrativas textuais e visuais propostas em dois projetos gráficos: Menina Bonita do Laço de Fita (1996), de Ana Maria Machado, editado no Brasil pela Ática e sua tradução Niña Bonita (2004), realizada por Verónica Uribe, publicado por Ediciones Ekaré, Venezuela. Os objetivos de análise são: 1) refletir sobre a imagem da criança negra em dois livros ilustrados publicados em países diferentes da América Latina e 2) discutir sobre a narrativa visual como produtora de novos sentidos na composição de um projeto gráfico em português e em sua tradução para o espanhol. Tal análise se justifica, pois ambos os países latino-americanos passaram por longos processos de escravidão que provocaram marcas estruturais de racismo nessas sociedades. Assim sendo, considerar os contextos de produção dos livros infantis que compõem o corpus de investigação se torna relevante na medida em que reproduzem diferentes imagens da criança negra como personagem e de seus espaços de circulação. Na narrativa brasileira, a espacialização não está evidenciada na ilustração, enquanto a edição venezuelana insere a história no ambiente rural. Pontua-se que no texto verbal não há afastamento do original em português, já as propostas visuais imprimem nos livros ilustrados novos sentidos, confirmando, portanto, sua característica como objeto sincrético (NIKOLAJEVA e Scott, 2011). A análise pautou-se em teóricos como Colomer (2002) e Nikolajeva e Scott (2011) para refletir acerca do livro ilustrado para crianças e em Fanon (2008) e Canclini (2003) para discutir sobre a imagem da criança negra.
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