EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E PREVENÇÃO DE ISTs: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Beatriz Araújo Lima UFCG
  • Rebeca Nayelle Bernardo da Silva UFCG
  • Sthefany Santina Silva Santos UFCG
  • Lucas Kerllon Tavares de Pontes UFCG
  • Renata Inácio de Andrade Silva UFCG
  • Isis Giselle Medeiros da Costa UFCG
  • Luana Carla Santana Ribeiro UFCG

Palavras-chave:

Educação em Saúde, Identidade de Gênero, Infecções Sexualmente Transmissíveis, Prevenção

Resumo

Introdução: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) continuam a ser um problema de saúde pública global, com jovens entre 15 e 24 anos representando aproximadamente 50% dos casos registrados de infecções como HIV, sífilis e gonorreia [1]. Além do déficit de conhecimento acerca da prevenção de ISTs, observa-se também desinformação sobre as questões de gênero, que ainda são tabus na sociedade. Desse modo, devido à necessidade urgente de disseminar informações claras e acessíveis sobre esses temas, as atividades educativas descritas neste trabalho visaram não apenas conscientizar e orientar o público-alvo sobre a importância da prevenção e do autocuidado, mas também combater preconceitos e estigmas que ainda cercam os aspectos relacionados ao gênero e sexualidade nas diversas camadas sociais. Um estudo recente de Lelo e Caminhas (2021) [2] analisou a circulação de desinformações no Brasil sobre gênero e sexualidade, destacando como essas narrativas falsas se inserem em disputas morais e sociais e a necessidade de promover o letramento midiático, informacional e científico, capacitando a comunidade escolar a enfrentar a desinformação. Este trabalho apresenta o objetivo principal de relatar a experiência de um Grupo de Aprendizagem Tutorial (GAT) do PET-Saúde no desenvolvimento de ações educativas direcionadas a adolescentes e jovens da comunidade escolar e à população em geral sobre as temáticas de gênero, sexualidade e prevenção de ISTs. Metodologia/Desenvolvimento da ação/intervenção: Trata-se de um relato de experiência, de abordagem qualitativa. O GAT do PET-Saúde, do Centro de Educação e Saúde (CES) da UFCG, que desenvolveu as atividades descritas neste relato, atua na UBSF Ezequias Venâncio, em Cuité-PB. O público-alvo incluiu adolescentes e jovens da Escola Cidadã Integral Técnico Jornalista José Itamar da Rocha Cândido (ECIT) e participantes do evento promovido pelo CES/UFCG, o Festival Universitário de Inverno (FUI), com foco principal nos adolescentes e jovens da comunidade local. As ações ocorreram nos dias 13 de agosto de 2024 e 28 de agosto de 2024, das 13:00 às 17:00 horas, e contaram com a colaboração de profissionais da área de saúde, educadores e voluntários, que desempenharam um papel fundamental na implementação das ações, proporcionando orientação prática e suporte contínuo aos participantes. As atividades realizadas incluíram: dinâmicas interativas, com jogos de mitos e verdades sobre ISTs, promovendo a participação ativa e a troca de conhecimento entre os jovens; jogo de perguntas e respostas, envolvendo questões sobre gênero e sexualidade, com o objetivo de identificar conhecimentos prévios, preconceitos e lacunas de informação; exibição de vídeo educativo, com um material audiovisual que abordou a temática do diagnóstico tardio do HIV, destacando meios de prevenção e desmistificando estigmas relacionados à aids; promoção de métodos de prevenção e de testagem, com incentivo à realização de testes rápidos de ISTs e de vacinação e à utilização de métodos preventivos como preservativos, distribuídos durante as atividades. Resultados observados: A ação realizada na ECIT integrou o evento organizado pela escola denominado de “Cuidar e Aprender: lª Semana de Saúde na Escola” e contou com atividades distribuídas em três salas de aula: CineSaúde na Sala 1, com exibição de vídeo educativo, “Descobrir cedo o HIV pode salvar sua vida! Não deixe pra depois!”; GameSaúde na Sala 2: aprendendo sobre gênero e prevenção de ISTs, com jogos interativos de mitos e verdades e de tabuleiro de perguntas e respostas; Sala 3 com oferta de vacinação. A ação realizada durante o FUI também se organizou em três espaços, com o CineSaúde, o GameSaúde e a oferta de testagens rápidas de HIV, sífilis e hepatites B e C. As ações alcançaram resultados significativos tanto em termos quantitativos quanto qualitativos: aproximadamente 248 alunos da ECIT participaram das atividades e 155 pessoas participaram das ações do FUI. Observou-se que os participantes demonstraram maior compreensão sobre o tema, conforme avaliado por feedbacks orais e escritos. Houve aumento no interesse por medidas preventivas, com cerca de 52 jovens que fizeram os testes rápidos após assistirem o vídeo educativo e outros relatando que procurariam os serviços de saúde para testes e orientações adicionais. Professores e coordenadores destacaram a relevância do tema, sugerindo a continuidade dessas atividades na rotina escolar. Dentre as dificuldades encontradas, ressalta-se que o principal desafio foi lidar com resistências iniciais de alguns participantes em discutir temas sensíveis, como gênero e sexualidade. Isso foi superado com a utilização de dinâmicas interativas, que facilitaram a criação de um ambiente acolhedor, seguro e didático. Na reunião de avaliação das ações, como sugestões, o grupo de execução sugeriu a inclusão de mais materiais visuais e dinâmicos em futuras ações. Os participantes avaliaram positivamente a experiência, destacando a importância de atividades educativas para esclarecer dúvidas e estimular a prevenção de ISTs. Discussões com a literatura pertinente: A educação em saúde é reconhecida como uma ferramenta eficaz na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, pois promove o conhecimento e reduz o estigma associado à sexualidade. Uma revisão sistemática realizada por Flora et al. (2013) [3] analisou a eficácia das intervenções de educação sexual com adolescentes, destacando a importância de estratégias educativas para aumentar o conhecimento e modificar comportamentos relacionados às ISTs. Além disso, Zanarotti (2018) [4] investigou o uso de "serious games" na educação em saúde para a prevenção de ISTs entre adolescentes, evidenciando que intervenções participativas, como jogos educativos, podem aumentar a retenção de informações pelos jovens. Considerações finais: As atividades descritas neste relato alcançaram seu objetivo principal de orientar jovens e adolescentes sobre gênero, sexualidade e prevenção de ISTs, contribuindo para a promoção da saúde e para a redução de preconceitos. As parcerias estabelecidas foram fundamentais para o sucesso da iniciativa, e o feedback positivo da comunidade indica a relevância de ações como esta. Recomenda-se a continuidade e a expansão das atividades junto à comunidade para garantir impactos duradouros. Além disso, ressalta-se as contribuições dessa experiência para a formação acadêmica e profissional dos discentes do PET-Saúde envolvidos, pois a participação no PET-Saúde tem sido uma oportunidade valiosa para o crescimento acadêmico e profissional. As ações desenvolvidas oferecem a chance aos discentes de aplicarem os conhecimentos teóricos em situações reais, o que fortaleceu a compreensão sobre temas como saúde pública, educação sexual e prevenção de ISTs. Além disso, desenvolveu-se habilidades essenciais para a prática profissional, como comunicação eficaz, trabalho em equipe e gestão de projetos. A experiência também proporcionou uma visão mais crítica sobre a realidade da comunidade e a importância de ações educativas, contribuindo para a formação como futuros profissionais mais preparados e sensíveis às demandas sociais.

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Referências

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Cada dia, há 1 milhão de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis curáveis. Organização Pan-Americana da Saúde, 6 jun. 2019. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/6-6-2019-cada-dia-ha-1-milhao-novos-casos-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-curaveis. Acesso em: 10 fev. 2025.

LELO, T. V.; CAMINHAS, L. R. P. Desinformações sobre gênero e sexualidade e as disputas pelos limites da moralidade. MATRIZes, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 179-203, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v15i2p179-203. Acesso em: 10 fev. 2025.

FLORA, A. et al. Intervenções de educação sexual em adolescentes: uma revisão sistemática da literatura. Revista de Enfermagem, v. 3, n. 10, p. 125-134, 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3882/388239969015.pdf. Acesso em: 10 fev. 2025.

ZANAROTTI, F. Serious games na educação em saúde para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis em adolescentes: uma revisão sistemática. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/items/1494e301-e4fd-47c0-990d-35b0d1152715. Acesso em: 10 fev. 2025.

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Publicado

04-04-2025

Como Citar

LIMA, Beatriz; SILVA, Rebeca; SANTOS, Sthefany; PONTES, Lucas; SILVA, Renata; COSTA, Isis; SANTANA RIBEIRO, Luana Carla. EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E PREVENÇÃO DE ISTs: RELATO DE EXPERIÊNCIA . Caderno Impacto em Extensão, Campina Grande, v. 6, n. 3, 2025. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/cite/article/view/6295. Acesso em: 16 jul. 2025.

Edição

Seção

Valorização das trabalhadoras e futuras trabalhadoras no âmbito do SUS Gênero, Identidade de Gênero, Sexualidade, Raça, Etnia, Deficiências e as interseccionalidades no Trabalho na Saúde

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