SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO AUTOCUIDADO

Autores

  • Sabrina Vitória Rodrigues Silva UFCG
  • Ewerlane Sobral Moreira UFCG
  • Esmeralda da Silva Timoteo UFCG
  • Wellington Gomes de Lima UFCG
  • Janaína Araújo Batista UFCG
  • Andrezza Duarte Farias UFCG
Palavras-chave: Saúde mental, Profissionais da saúde, Autocuidado

Resumo

Introdução:

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET- Saúde) apresenta como objetivo a melhoria do ensino na saúde pública do país, contribuindo para a formação de futuros profissionais de saúde preparados, qualificados, experientes e com conhecimentos baseados na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Para tanto, é de grande importância que os grupos de alunos formados pelo PET juntamente com os tutores e preceptores, interajam com a equipe multiprofissional de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a fim de conhecer a rotina, pontos fortes, pontos a serem mudados, fragilidades e bens públicos da área [1]. A saúde do trabalhador visa a proteção, e recuperação da saúde dos trabalhadores, prevenindo doenças futuras, além disso, se preocupa com o bem-estar físico, mental e social. A importância desse tema traz garantias de condições de trabalho mais seguras e acessíveis levando consequentemente a diminuição desse estresse, a prevenção de doenças ocupacionais, havendo aumento de produtividade significativos, pois quando profissionais saudáveis recebem motivações, gera resultados organizacionais positivos [2]. Conseguinte, o assunto autocuidado está diretamente ligado ao bem-estar físico, mental, emocional e social, pois trata-se de uma prática que contribui na preservação da saúde, ajuda na prevenção de todos os pontos citados, melhora em vários âmbitos a qualidade de vida de um indivíduo e promove equilíbrio tanto na vida pessoal quanto profissional [3]. Nesse sentido, um dos objetivos do Grupo de Apoio Tutorial  (GAT) Diomedes Lucas de Carvalho do PET Equidade é apoiar a saúde dos trabalhadores da equipe multiprofissional sobre o tema saúde mental, pois é explícito os altos níveis de estresse que diariamente os profissionais estão expostos. Assim, o GAT teve como finalidade desenvolver atividades que proporcionem aos profissionais de saúde cuidado com a saúde mental e desenvolvam autocuidado durante a rotina. 

Metodologia/Desenvolvimento da ação/intervenção:

Em junho de 2024, foi planejada a primeira ação do GAT-Diomedes para conhecer as principais demandas da comunidade e da equipe de saúde, onde foi realizada a comemoração do São João da UBS.  Nessa ocasião, foi feita uma dinâmica da seguinte forma: foi escrito em um cartaz por todos os membros da equipe, os pontos mais frágeis que os mesmos gostariam que fosse focado para ser trabalhado durante a Edição 2024-2026 do PET- Saúde Equidade. Percebeu-se ao fim da dinâmica o quanto a equipe estava fragilizada por carga de trabalho muito alta, estresse, frustrações acumuladas, e então, ficou decidido que um dos focos seria a saúde mental dos trabalhadores da equipe multiprofissional da UBS. Assim, em outubro de 2024, todos os integrantes foram convidados para uma roda de conversa e um café da tarde. Então, foi realizada uma nova dinâmica, chamada do balão das emoções, que teve o objetivo de liberar as emoções presas, funcionou da seguinte forma: os profissionais foram organizados em uma roda para que cada um fosse visto pelos demais, em seguida, cada participante da equipe escreveu em um balão a emoção (palavra) que estava sentindo ou que definia o trabalho. Nesse momento, foi compartilhado na roda, quem estivesse se sentindo confortável, para falar e ouvir. Ao final da roda, todos os integrantes ficaram de pé no círculo e as emoções/balões que eram boas foram deixadas no círculo e guardadas, e as emoções/balões que passavam um sentimento ruim de tristeza foram estouradas, com intuito de serem mudadas e melhoradas.

 

Resultados observados:  

Foi notório como desfecho da primeira dinâmica aplicada durante a comemoração do São João, que a equipe se encontrava sem nenhum tempo ou momento para eles mesmos, pois foi perceptível que o simples fato de uma conversa, de serem ouvidos por pessoas que queriam ajudar já mudou um pouco o cenário e trouxe um sentimento de   alívio crescente para o ambiente de trabalho. Além do sentimento de acolhimento coletivo, os membros participaram e falaram abertamente sobre pontos que deveriam ser focados, dentre eles foi destacado a importância de momentos de conversa e descontração da equipe, como foi realizado naquele dia. Na dinâmica do balão chamou muita atenção algumas palavras cheias de sentimentos e emoções intensas, que foram escritas, como: estresse, preocupação, ansiedade, sobrecarga, responsabilidade e desvalorização. No momento em que cada pessoa presente na roda foi falando, a conversa se tornou um ambiente de desabafo e de conforto para conversar sobre os temas que mais incomodavam. Foi notório um alívio, pela exposição de tudo que queria ser conversado a algum tempo, seja com um profissional, amigo ou um familiar. Além disso, ao longo da atividade algumas pessoas aproveitaram o momento para falar de situações difíceis  enfrentadas no trabalho, o sentimento de tristeza foi perceptível pelas palavras ditas e as lágrimas não foram contidas.  Nessa circunstância, ao final da dinâmica os participantes agradeceram pelo momento de descontração de escuta e acolhimento, alguns relataram até estar se sentindo mais leve e acolhido. Foi reforçada a importância de procurar por um profissional adequado como um psicólogo, para lidar de maneira mais apropriada com todas as emoções. Destacou-se ainda a importância do estar bem para poder cuidar do próximo, pois o autocuidado é uma forma de fortalecer relações e responsabilidades habituais. Observamos conjuntamente ao final, que o objetivo da dinâmica foi atendido pois cada indivíduo conseguiu compreender e aprender mais sobre o autocuidado.

Discussões com a literatura pertinente:

Trabalhar dinâmicas como esta tem um papel indispensável para saúde dos trabalhadores, tendo em vista uma maior prevalência de ansiedade entre os agentes comunitários de saúde, onde cerca de 54,2% apresentaram algum nível de ansiedade [4]. Sabe-se ainda que, os profissionais de saúde com níveis cronicamente elevados de estresse percebido apresentam maior predisposição para esgotamento profissional, como também estão suscetíveis a condições como fadiga, insônia, ansiedade, depressão, obesidade, doença coronarianas, diabetes, câncer, distúrbios psicossomáticos e uso abusivo de drogas [5]. Fica reafirmado que a realização de atividades como estas estimulam a criação de um espaço de trabalho que seja um pouco mais seguro e confortável para uma conversa entre uma equipe, frisando que para um bem comum, o bem-estar emocional é um ponto que impacta diretamente na produtividade, criatividade e qualidade das relações interpessoais. Conseguinte, a busca por um profissional adequado também não pode ser deixada de lado, visto que é comprovada a eficácia de terapias ocupacionais, onde a atuação de profissional tem sido de fundamental importância ao trazer contribuições como: intervenção direta na vida prática das pessoas, integração em atividades significativas para elas, auxílio para encontrar novos significados e formas de desempenhar os papeis ocupacionais, ressignificação de rotinas, consideração das ocupações na construção de projetos terapêuticos singulares e promoção da autonomia em atividades de autocuidado [6].

  1. Considerações finais:

Portanto, podemos concluir que se torna essencial cuidar do âmbito da saúde mental e que este tema deve ocupar cada dia um lugar maior a ser realçado em várias discussões habituais, seja em um ambiente de trabalho ou na vida pessoal. Assim sendo, a dinâmica apresentada mostrou de forma impactante o quanto um momento de escuta ativa, de uma boa conversa e acolhimento podem acarretar positivamente no bem-estar não só individual mas também coletivo, pois foi demonstrado sentimentos de alívio e conforto por poder compartilhar, demonstrando a necessidade de espaços e atividades com estas, que fortalece vínculos entre trabalhadores e criam um ambiente de trabalho mais acessível, leve e harmônico. Além disso, fica clara a busca positiva por profissionais especializados na área, que tem propriedade sobre o assunto abordado, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, tornando-se uma estratégia importante e indispensável para lidar com questões de forma apropriada. Na formação de futuros profissionais, ações e trabalhos como este, contribuem propriamente para o desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional, momentos de escuta, prática de acolhimento ajudam os alunos tanto a compreenderem melhor suas emoções quanto no fortalecimento de vínculos, desenvolvimento de habilidades como empatia, comunicação e resolução rápida de problemas, pontos que são essenciais para convivência em qualquer ambiente, formando assim profissionais de saúde mais preparados para enfrentar a realidade da saúde pública e as demandas da vida pessoal de forma mais eficaz.

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Referências

Centro de Inovação em Gestão da Educação e do Trabalho em Saúde - CIGETS. Disponível em: <https://petsaude.org.br/>.

ISHIGAMI, B. et al. Ansiedade e depressão em trabalhadores de saúde de UTI Covid-19 em um hospital de referência. Saúde em Debate, v. 48, n. 141, p. e8850, 2024.

OLIVEIRA, S. A. DE et al. Evidências de validade da Depression, Anxiety and Stress Scale entre trabalhadores de enfermagem brasileiros. Acta Paulista de Enfermagem, v. 38, p. eAPE0003261, 2025.

JULIO, R. DE S. et al. Prevalência de ansiedade e depressão em trabalhadores da Atenção Primária à Saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 30, p. e2997, 2022.

LEONELLI, L. B. et al. Estresse percebido em profissionais da Estratégia Saúde da Família. Revista brasileira de epidemiologia [Brazilian journal of epidemiology], v. 20, n. 2, p. 286–298, 2017.

MATA, C. C. DA et al. Atuação de terapeutas ocupacionais na Rede de Atenção Psicossocial em um estado do nordeste brasileiro. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 31, 2023.

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Publicado em

4 de abril de 2025

Como Citar

SILVA , S. .; MOREIRA, E.; TIMOTEO, E.; LIMA, W.; BATISTA, J.; FARIAS, A. D. . SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DO AUTOCUIDADO. Caderno Impacto em Extensão, Campina Grande, v. 6, n. 3, 2025. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/cite/article/view/6305. Acesso em: 18 abr. 2025.

Seção

Valorização das trabalhadoras e futuras trabalhadoras no âmbito do SUS, saúde mental e as violências relacionadas ao trabalho na saúde

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