UMA COREOGRAFIA ENTRE ÁLVARO E IBERÊ
UMA VISITA AO MUSEU IBERÊ CAMARGO
DOI:
https://doi.org/10.35572/arql.v3i11.6617Palavras-chave:
Álvaro Siza, Iberê Camargo, Ensaio FotográficoResumo
Desde o início, um percurso ensaiado. Primeiro a orla do Guaíba, depois a encosta com o monolito branco, desconstruído e encrostado. Pelo caminho do rio, seguindo por uma passagem subterrânea para atravessar a Avenida Padre Cacique. Surgindo à superfície, a cada passo, uma nova mirada, outra conformação dos planos brancos. Siza nos convida primeiro a um café. E não um qualquer: um café com sua obra emoldurada, perpendicularmente ao Guaíba emoldurado. Um café, molduras brancas, um monolito branco e revolto, águas de um rio grande, por vezes revolto. Antes de finalmente entrar, como se uma marquise nos protegesse do sol, rasgos e braços recortam e enquadram o céu e o Guaíba. Adentrando, o prédio parece ainda maior, com seus três andares empilhando-se de forma aparentemente desorganizada, contrastando com os painéis de iluminação perfeitamente retilíneos e simétricos, derramando luz difusa e delicada nas obras de arte. A contragosto da obviedade, a museografia nos convida a começar o passeio pelo último andar. Subindo de elevador para descer pelas rampas ora abertas, ora confinadas. E, como em uma coreografia, passeamos pelos amplos pisos de exposição contrastando com os longos corredores que ora escondem, ora são discretamente rasgados ao mostrar o céu, ou o Guaíba, em movimentos delicados e milimetricamente dançados entre os materiais cuidadosamente dispostos na planta baixa pouco usual. Vendo de cima, o contraste ritmado dos pisos em madeira com o branco da alvenaria. Vendo de baixo, mais superposições brancas que às vezes estruturam quadros. Para usar uma expressão portuguesa: sinto imenso não lembrar tanto das artes de Iberê, mas lembrar mais de dançar pelo projeto de Siza.
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Fotografias de Marina Lages Gonçalves Teixeira
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