PANTHEON DE ROMA
UMA MIRÍADE DE DETALHES
Resumo
O Pántheon de Roma é uns dos edifícios mais icônicos da arquitetura ocidental. Construído como um templo dedicado a todas as divindades, foi fundado em 27a.C. por Marco Vipsânio Agripa e posteriormente reconstruído pelo imperador Adriano presumivelmente em 124d.C. Durante a Idade Média o edifício foi convertido em uma igreja cristã dedicada a Santa Maria e Mártires, função que permanece até hoje. É, portanto, o único edifício da Roma Antiga que permaneceu praticamente intacto e ininterruptamente em uso para fins religiosos desde o momento da sua fundação. Entretanto, embora pouco da sua estrutura espacial interna tenha se modificado, o edifício sofreu uma série de alterações ao longo dos anos. Construído em uma seção de Roma chamada Campus Martius (Campo de Marte), esta parte da cidade era uma planície de inundação propensa a enchentes regulares do rio Tibre, que depositava camada após camada de sedimento. À medida que o solo ao redor do Panteão subiu mais de 8 metros, o nível do piso do Panteão afundou cada vez mais abaixo do nível do solo da cidade circundante. Além dessa entrada rebaixada, é possível ver em representações do edifício feitas pelo holandês Maerten Van Heemskerck datadas do século XVI que sua fachada frontal contava com uma torre sineira central, apenas sete das oito colunas e faltava também parte do tímpano devido a implantação do edifício da Sala do Capítulo foi anexado ao lado leste do Panteão. No século XVII, o papa Urbano VII Barberini contratou Francesco Borromini para projetar uma substituição de madeira para as vigas de bronze e uma coluna adequada para substituir a feia parede de tijolos no pórtico. Uma das justificativas para essa reforma foi a necessidade do bronze (último exemplo conhecido de uma estrutura totalmente metálica construída antes da era moderna) para a confecção do Baldaquino de São Pedro. No lado esquerdo da entrada está uma placa de mármore com palavras em latim que justificam a apropriação do Papa Urbano VIII das antigas treliças de bronze do telhado. Parte da inscrição refere-se às treliças de bronze destruídas como "um adorno inútil e quase esquecido". Hoje se sabe que essa placa não passa de uma artimanha propagandística do papa para acobertar a real destinação desse bronze: fornecer mais canhões para o Castel Sant'Angelo. Além disso, a torre sineira central, acrescentada na Idade Média, foi retirada e substituída por outras duas colocadas sobre o frontão. Isso alterou significativamente sua aparência e provocou reações negativas do público: logo as pessoas começaram a chamar as torres de “orelhas de burro”. Finalmente em 1883, o Papa Pio IX removeu as torres sineiras nos dando a imagem externa que vemos hoje. O presente ensaio fotográfico visa ilustrar essas modificações empreendidas no século XVII como um registro arquitetônico da obra borrominiana pouco conhecida.
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