PELÉ OU BILÉ?

ASPECTOS INTERACIONISTAS SOCIODISCURSIVOS E DE HISTORICIDADE DO GÊNERO ENTREVISTA MEMORIALISTA E SUAS IMPLICAÇÕES NA DIDATIZAÇÃO

Resumo

Esse artigo apresenta resultados de um estudo sobre a análise do gênero textual oral entrevista memorialística, na perspectiva interacionista sociodiscursiva, alinhada aos estudos das Tradições Discursivas (TD) (Coseriu, 1979, 1980). A partir dele, propomos um caminho para sua didatização. Analisamos duas entrevistas a Pelé que distam, temporalmente, quase cinquenta anos: a) entrevista concedida ao Museu da Imagem e do Som (1969) e b) entrevista dada ao programa de jornalismo VTV da Gente (2018). Focamos os dez minutos iniciais dos textos e, a partir das condições da produção da entrevista, analisamos a organização do texto, mais especificamente os aspectos enunciativos (Bronckart 1999, 2019, 2022) e diacrônicos. Nossas análises apontam para questões próprias da constituição dos textos modelizados em entrevistas memorialísticas, que nos dão pistas de que o papel social que levou o entrevistado àquela situação orienta a configuração macro dos textos, bem como a coerência interativa dos entrevistadores a respeito do entrevistado. Tal condição nos leva a constatar que os elementos que permitem a interpretação da coerência enunciativa, no nível superficial do folhado textual, considerados livres com relação aos demais, podem ser recorrentes num gênero de texto e este é um aspecto que precisa ser considerado no momento de sua didatização.