O GÊNERO “ENTREVISTA MEMORIALÍSTICA” NA PERSPECTIVA DAS TRADIÇÕES DISCURSIVAS E DO INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.10302669Resumo
No presente trabalho, será analisado um fragmento de entrevista com Pelé, com duração de 22’11”, datada de 1967, que apresenta características próprias voltadas à posteridade (cf. Miranda; Bussola, no primeiro artigo deste dossiê). Com um olhar contrastivo, também será analisada uma entrevista com Neymar, com duração de 11’49”, datada de junho de 2023. As particularidades das entrevistas remetem a especificidades que podem apresentar traços de permanência e vestígios de mudança em relação a outros exemplares do mesmo agrupamento do gênero em sincronias mais recentes. Para essa discussão, com base nos modelos da Tradição Discursiva (Kabatek, 2005; Koch; Öesterreicher, [1985] 2013) e do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006), são tomadas cinco dimensões, que, para além da análise do texto, podem também orientar proposições didáticas para um estudo acerca da historicidade dos gêneros orais e da língua: o continuum entre imediatez e distância comunicativa; o contexto de produção; o plano global do texto; os mecanismos de textualização; e os mecanismos enunciativos. Espera-se com este trabalho refletir sobre a relevância de um olhar investigativo para exemplares de um gênero, ainda que de naturezas distintas, registrados em um tempo remoto e em um tempo mais recente, para, assim, melhor compreender suas regularidades e singularidades.
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