PROPOSTAS PARA A NÃO SLOGANIZAÇÃO DO CONCEITO DE TRANSLINGUAGEM
PROPOSALS FOR THE NON-SLOGANIZATION OF THE CONCEPT OF TRANSLANGUAGING
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.14052454Resumo
Na esteira do capitalismo acadêmico, que submete a produção do conhecimento à lógica do Mercado, alguns conceitos têm sido submetidos a um processo de sloganização, que os esvazia de seus sentidos e os reduz a discursos de efeito, com o principal objetivo de seduzirem e promoverem o engajamento. Sendo a translinguagem um conceito crescentemente mobilizado por educadores e pesquisadores que buscam práticas de ensino-aprendizagem de línguas adicionais e políticas linguísticas que se distanciam de perspectivas normatizadoras e assimilacionistas, o presente artigo objetiva alertar para seu risco de sloganização, trazendo quatro propostas para evitá-lo: (i) reconhecer que o conceito de translinguagem não representa uma mudança de paradigma ou uma virada; (ii) não isolar as marcas de translinguagem, sob pena de apagar as práticas sócio-histórico-ideológicas das quais emergem; (iii) observar o funcionamento da translinguagem para além dos elementos fonético-fonológicos e lexicogramaticais mais evidentes; (iv) promover a metarreflexão sobre manifestações translíngues. Concluímos nosso artigo destacando que a primeira proposta advém da percepção de traços de sloganização na própria teorização do conceito e, principalmente, na sua circulação. As demais propostas buscam evitar leituras superficializadas do conceito, num processo de branding acadêmico, que revelam, inclusive, traços do multiculturalismo liberal, criticado por Maher (2007).
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