Atuação policial no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: possibilidades e limites

Autores

  • Cícero Bento da Silva Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
  • Weslley Alves de Araújo Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
  • Leydomar Nunes Pereira Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
  • Rayanna Cândido Gomes Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
  • Samuel Ilo de Amorim Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
  • Rodolfo Rodrigo de Almeida Lacerda Faculdades Integradas do Ceará - UniFIC
Palavras-chave: violência doméstica, mulher, agente policial, ocorrências policiais

Resumo

O objetivo deste estudo foi analisar as possibilidades e limites da atuação policial no contexto de violência familiar e doméstica contra a mulher, procurando, nesta direção, compreender a definição e evolução história da concepção de família e do papel da mulher ao longo do tempo. Realizou-se a pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Com a Lei Maria da Penha, buscou-se implementar medidas que pudessem imprimir um rigor maior às punições para os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, tipificando essas práticas relacionadas à violência de gênero. A atuação da Polícia, notadamente, a Militar, está consubstanciada na atividade ostensiva, de orientação, encaminhamento e prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, além da obrigatoriedade da tomada de medidas cabíveis frente às ocorrências, de modo a subsidiar a futura ação penal. Analisou-se, do mesmo modo, que frente às medidas protetivas existem agentes policiais que manifestam algumas dificuldades em lidar com a relação vitimização/agressão, dependendo dos casos, encontrando suportes em certos estereótipos já enraizados, principalmente de gênero, que reforçam tendências conservadoras e corporativas. Há, também, estudos que mostram uma atuação adequada do agente policial constatando a eficácia da atuação da Polícia quanto às prisões em flagrante, observando a frequência em que ocorreu, demonstrando que, quando solicitada no momento adequado, ela de fato protege as vítimas, evitando que crimes de maior gravidade aconteçam.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BANDEIRA, L. M. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. Sociedade e Estado, Brasília, v. 29, n. 2, p. 449-469, 2014

BARBOSA, A.J.P; FOSCARINI, L.T. Do atendimento da autoridade policial. In: CAMPOS, C. H. de (Org.) Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris, 2011. p. 247-266.

BELLO, J.L.P. O poder da religião na educação da mulher. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2001.

BITTENCOURT, F. V. Medida Protetiva: proibição ao arbitramento de fiança pela autoridade policial; 2019; Monografia; (Aperfeiçoamento/Especialização em Especialização em Gestão Criminal ACADEPOL) - Academia de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, 2019.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 nov. 2022.

BRASILEIRO, A. E.; MELO, M. B. DE. Agressores na Violência Doméstica: Um Estudo do Perfil Sociojurídico. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, v. 2, n. 2, p. 189, 1 dez. 2016.

CARVALHO, M. do C. B. O lugar da família na política social. In: CARVALHO, M. do C. B. A família contemporânea em debate. São Paulo: EDUC / Cortez, 2000.

CORTIZO, M. D; GOYENECHE, P. L. Judiciarização do privado e violência contra a mulher. Katál. Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 102-109, 2010.

CRUZ, S. T. M.; ESPÍNDULA, D. H. P.; TRINDADE, Z. A. Violência de Gênero e seus Autores: Representações dos Profissionais de Saúde. Psico-USF, v. 22, n. 3, p. 555-567. 2017

CUNHA, R. S.; PINTO, R. B. Violência Doméstica. 5.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

DEL PRIORE, M. A Mulher na História do Brasil. 4 ed. São Paulo: Contexto, 1994.

DURÃO, S. Silenciamentos subtis. Atendimento policial, cidadania e justiça em casos de de vítimas de violência doméstica. Análise Social, Lisboa, v. 48, n. 209, p. 878-899, 2013.

ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado - em conexão com as pesquisas de Lewis H. Morgan. Tradução Nélio Schneider. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2019.

FERNANDES, F. C. P. A Mulher vítima de violência conjugal. 2002. Dissertação de Mestrado, Porto, 2002.

FIGUEROA-PEREA, J.G Algunas reflexiones sobre el estudio de los hombres desde el feminismo y desde los derechos humanos. Estudos feministas, v. 21, n. 1, p. 371- 393, 2013.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

GIL, A C. Métodos e Técnicas de Pesquisas Sociais. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MINAYO, G. C. et al. Saúde do trabalhador: aspectos históricos, avanços e desafios no Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.23, n.6, p.1963-1970, 2018.

GOKHALE, S. D. A Família Desaparecerá? Revista Debates Sociais nº 30, ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980.

GROSSI, M. P. Identidade de Gênero e Sexualidade. Antropologia em Primeira. Mão, n. 24, Florianópolis, PPGAS/UFSC, 1998.

HEGEL, G. W. F. Princípios da Filosoia do Direito. Lisboa: Guimarães Editores, 1990.

IPEA/Sistema de Indicadores de Percepção Social. Tolerância social à violência contra as mulheres. Ipea, 2014. Disponível em: < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/140327_sips_violencia_mul heres.pdf> Acesso em ago. 2022.

JONG, L. C.; SADALA, M. L. A.; TANAKA, A. C. A. Desistindo da denúncia ao agressor: relato de mulheres vítimas de violência doméstica. Rev Esc Eferm USP. São Paulo: USP, v. 42, n. 4, p. 744-751, 2008.

KRENKEL, S.; MORÉ, C. L. O. O. Violência contra a Mulher, Casas-Abrigo e Redes Sociais: Revisão Sistemática da Literatura. Psicologia: Ciência e Profissão, v.37, n.3, p. 770-783, 2017.

KOLLER, S. H; Understanding and Combating Domestic Violence in Brazil. In: Buzawa E., Buzawa C. (Org.). Global Responses to Domestic Violence. 1ed.New York: Springer International Publishing, v. 1, p. 265-289, 2017.

LELIS, A.G.S; SANTOS, F.G. A (in) eficácia do trabalho da polícia militar através da Ronda Maria da Penha no enfrentamento à violência contra mulher. Derecho y Cambio Social, n. 60, p. 655-676, abr-jun 2020.

MACHADO, R. O universo feminino II: violência contra a mulher. Rio Grade do Sul:vEdiPUC, 2013. E-book. Acesso restrito via Biblioteca digital Pearson. E-book. Acessovrestrito via Biblioteca digital Pearson.

MARCONDES FILHO, C. Violência fundadora e violência reativa na cultura brasileira. São Paulo Perspect., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 20-27, abr. 2001.

MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia de Pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MIOTO, R. C. T. Família e Serviço Social: contribuições para o debate. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez Editora, ano XVIII, n. 55, nov. / fev.1997.

MORAES, A. F.; GOMES, C. C. 2009. O caleidoscópio da violência conjugal: instituições, atores e políticas públicas no Rio de Janeiro. In: MORAES, A. & SORJ, Bila. Gênero, Violência e Direitos na Sociedade Brasileira 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora 7 Letras. p. 75-109.

NOBRE, M. T. Resistências femininas e ação policial: (re)pensando a função social das Delegacias da Mulher. 2006. 259 f. Tese de doutorado. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2006.

NORONHA, Maressa Maelly Soares; PARRON, Stênio Ferreira. A evolução do conceito de família. 2012. PDF, Disponível em:

http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170602115104.pdf. Acesso em: 07 jul. 2023.

OLIVEIRA, T.G. Feminists and the resignification of law: challenges for the approval of the Maria da Penha. Revista Direito e Práxis, v. 8, n. 1, p. 616-650, Rio de Janeiro. 2017.

RAGO, M. Ser Mulher no Século XXI ou Carta de Alforria. In: VENTURI, Gustavo; RECAMAM, Mariso; OLIVEIRA S. (Orgs.). A Mulher Brasileira nos espaços públicos e privados. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

ROMAGNOLI, R. C. Várias Marias: efeitos da Lei Maria da Penha nas delegacias. Fractal: Revista de Psicologia, v. 27, n. 2, p. 114-122, 2015.

SAMARA, E. M. O Que Mudou na Família Brasileira?: da Colônia à Atualidade. Psicologia USP, v. 13, n. 2, p. 27–48, 2002.

SANI, A. I., COELHO, A.; MANITA, C. Intervenção em situações de violência doméstica e crenças de polícias. Psycchology, Community & Health, v. 7, n. 1, p. 72-86, 2018.

SANTOS, L. R. O papel da Polícia Militar na garantia da Lei Maria da Penha: tecendo reflexões. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 12, p. 619–628, 30 dez. 2022.

SANTOS, J. B; SANTOS, M. S. C. Família Monoparental Brasileira. Rev. Jur., Brasília, v. 10, n. 92, p.01-30, out./200 8 a jan./2009.

SILVA, E. L. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4 ed. Florianopolis: UFSC, 2004.

SILVA, G.C da et al. A mulher e sua posição na sociedade: da antiguidade aos dias atuais. Revista da SBPH, 2005.

SOUZA, P. A.; ROS, M. A. Os motivos que mantêm as mulheres vítimas de violência no relacionamento violento. Revista de Ciências Humanas. Florianópolis: EDUFSC, n. 40, p. 509-527, out. 2006.

SOUZA, L. A. Violência doméstica e familiar contra a mulher. Imprenta: São Paulo, 2007. 142 p. ISBN: 9788576601722

TOLDY, T.M. “As Mulheres na Igreja Católica - Luzes e sombras ao longo da história”, Revista Theologica, II série, Vol. XXXII, Fasc.2, Braga, 1997.

ZANCAN, N; WASSERMANN, V; LIMA, G. Q. de. A violência doméstica a partir do discurso de mulheres agredidas. Pensando fam., Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 63- 76, jul. 2013.

Downloads

Publicado em

9 de julho de 2023

Como Citar

SILVA, C. B. da; ARAÚJO, W. A. de; PEREIRA, L. N.; GOMES, R. C.; AMORIM, S. I. de; LACERDA, R. R. de A. Atuação policial no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: possibilidades e limites. Journal of Multidisciplinary Sustainability and Innovation, Iguatu, v. 1, n. 1, p. 23–30, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/jmsi/article/view/841. Acesso em: 21 dez. 2024.

Seção

Ciências Jurídicas

Categorias

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)