A Escrita no Autismo Como Uma Possibilidade de Enunciação.

Autores

  • Carlos Eduardo Alves Moraes Universidade Católica de Pernambuco
  • Isabela Barbosa Rêgo Barros Universidade Católica de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.11358920
Palavras-chave: Autismo; Enunciação; Ensino; Linguagem; Subjetividade.

Resumo

No ambiente educacional, estudantes com autismo costumam apresentar dificuldades em participar de atividades em grupo, isolamento, linguagem imatura e fixação em temas específicos. É importante ressaltar que o estudante com autismo tem dificuldades, ou não compreende, metáforas e outras formas de linguagem não literal. O nosso objetivo é analisar os movimentos enunciativos presentes em narrativa escrita por um estudante autista, confirmando o deslize do sujeito na linguagem. Para refletir sobre a relação do sujeito com a linguagem escrita, utilizamos como referencial teórico os conceitos da linguística enunciativa do pesquisador Émile Benveniste (1902-1976), o qual define enunciação como o ato individual de colocar a língua em funcionamento e configuram marcas específicas do sujeito na linguagem. Participou deste estudo um aluno diagnosticado com autismo, 14 anos de idade, sem comorbidade, matriculado no oitavo ano do Ensino Fundamental II de uma escola privada, o qual é acompanhado na sala de Atendimento Educacional Especializado, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. A análise da narrativa escrita apontou que o estudante apresenta movimentos enunciativos indicativos do manuseio singular da linguagem escrita, marcando a sua subjetividade na linguagem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA.Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5.Porto Alegre: Artmed, 2014.

ASSUMPÇÃO JR., Francisco Baptista. (Org.). Transtornos Invasivos Do Desenvolvimento Infantil. São Paulo: Lemos Editorial, 1997.

BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral I. 5ª ed. Trad. Maria da Glória Novak e Maria Luisa Neri. Campinas, SP: Pontes, 2005.

BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral II. 2ª ed. Trad. Eduardo Guimarães et al. Campinas,SP: Pontes, 2006.

BERNARDINO, Leda Mariza Fischer. A importância da escrita na clínica do autismo. Revista USP. 2015.

BIALER. M. A voz no autismo: uma análise baseada em autobiografias. Estilos clin., São Paulo, v. 22, n. 2, maio/ago. 2015

BERNARDINO, L. M. F. O que a psicanálise pode ensinar sobre a criança, sujeito em constituição. São Paulo: Escuta, 20CAVALCANTI, Ana Elizabeth; ROCHA, Paulina Schmidtbauer. Autismo: construção e desconstruções, São Paulo: Casa do psicólogo, 2001.

BASTOS, M. B. Incidências do educar no tratar: desafios para a clínica psicanalítica da psicose infantil e do autismo. 2012. Tese - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

ENDRUWEIT, Magali Lopes. Análises da Enunciação Escrita.Anais do Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso(SITED). Porto Alegre, 2010.

FERRARI, Pierre. Autismo infantil: o que é e como tratar. Trad. Marcelo Dias Almada. São Paulo:Paulinas, 2007.

FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda; PASTORELLO, Lucila Maria; SCHEUER, Claudia Inês. Fonoaudiologia em distúrbios psiquiátricos da infância. São Paulo: Lovise, 1995.

FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. Autismo infantil: repensando o enfoque fonoaudiológico – aspectos funcionais da comunicação. São Paulo: Lovise, 1996.

JERUSALINSKY, A. N. A psicanálise do Autismo 2 ed.- São Paulo: Instituto Langage, 2012.

KNACK, Carolina. Texto e enunciação: as modalidades escritas como instâncias de investigação. 2012. 189f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

KANNER, Leo. Psiquiatría infantil. Buenos Aires: Paidos e Psique,1966

LE SOURN-BISSAOUI, SL et al (2011).Ambiguitydetection in adolescentswith Asperger syndrome: Is central coherenceortheoryof mind impaired? Research in Autism Spectrum Disorders. 5(1): 648–656

MALEVAL, J.C. O autista e sua voz. São Paulo: Blucher, 2017.

MINAYO, M. C. S. Ciência, Técnica e Arte: O desafio da pesquisa social. In: DESLANDES, S.F. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 21. Ed Petrópolis, RJ: Vozes, 2001

MILMANN, E. O papel fundamental da escrita na educação inclusiva. IN: KUPFER, M. C. M; PATTO, M. H. S; VOLTOLINI, R. (Org.) Práticas Inclusivas em escolas transformadoras: acolhendo o aluno sujeito. São Paulo: Escuta: FAPESP, 2017, P. 91-108.

MATOS, CM. Compreensão de linguagem não-literal em crianças com Perturbações do Espectro do Autismo. Orientador: Professora Doutora Maria Armanda Costa. 2012. 156 f. Dissertação de Mestrado (Mestre em Ciência Cognitiva) - Universidade de Lisboa, Lisboa, 2012.

NEY, T.; HUBNER, L. C. Linguagem oral e escrita no autismo - TEA: perspectivas teóricas e pedagógicas. The Especialist 2022.

RODRIGUES, E. A., AGUSTINI, C., & ARAÚJO, Érica D. de. (2022). A teorização de Émile Benveniste sobre escrita: (d)o ponto de vista da vida social. Fragmentum, 2020

SILVA, Carmem Luci da Costa. A criança na linguagem: enunciação e aquisição. Campinas, SP: Pontes Editores, 2009.

SILVA, Ana Beatriz B, (et al). Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro:Objetiva, 2012.

TOLDO, C. O texto: unidade de sentido no trabalho com a língua na escola. Cadernos de Linguística,2021

WALENSKI, M.; TAGER-FLUSBERG, H.; ULLMAN, M. T. Linguagem no autismo. In MOLDIN, S. O.; RUBENSTEIN, J. L. R. (orgs.). Entendendo o autismo: da neurociência básica ao tratamento, p. 175-203. Londres: Taylor & Francis Books, 2006.

Downloads

Publicado em

4 de junho de 2024

Como Citar

MORAES, C. E. A. .; RÊGO BARROS, I. B. A Escrita no Autismo Como Uma Possibilidade de Enunciação. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. e2166, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.11358920. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/2166. Acesso em: 26 jun. 2024.

Seção

n. 2 - 2024 - Dossiê: Língua falada e/ou escrita? Reflexões sobre aquisição e o ensino de língua portuguesa em uma perspectiva decolonial