A Escrita no Autismo Como Uma Possibilidade de Enunciação.

Autores

  • Carlos Eduardo Alves Moraes Universidade Católica de Pernambuco
  • Isabela Barbosa Rêgo Barros Universidade Católica de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.11358920
Palavras-chave: Autismo; Enunciação; Ensino; Linguagem; Subjetividade.

Resumo

No ambiente educacional, estudantes com autismo costumam apresentar dificuldades em participar de atividades em grupo, isolamento, linguagem imatura e fixação em temas específicos. É importante ressaltar que o estudante com autismo tem dificuldades, ou não compreende, metáforas e outras formas de linguagem não literal. O nosso objetivo é analisar os movimentos enunciativos presentes em narrativa escrita por um estudante autista, confirmando o deslize do sujeito na linguagem. Para refletir sobre a relação do sujeito com a linguagem escrita, utilizamos como referencial teórico os conceitos da linguística enunciativa do pesquisador Émile Benveniste (1902-1976), o qual define enunciação como o ato individual de colocar a língua em funcionamento e configuram marcas específicas do sujeito na linguagem. Participou deste estudo um aluno diagnosticado com autismo, 14 anos de idade, sem comorbidade, matriculado no oitavo ano do Ensino Fundamental II de uma escola privada, o qual é acompanhado na sala de Atendimento Educacional Especializado, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. A análise da narrativa escrita apontou que o estudante apresenta movimentos enunciativos indicativos do manuseio singular da linguagem escrita, marcando a sua subjetividade na linguagem.

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Publicado em

4 de junho de 2024

Como Citar

MORAES, C. E. A. .; RÊGO BARROS, I. B. A Escrita no Autismo Como Uma Possibilidade de Enunciação. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. e2166, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.11358920. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/2166. Acesso em: 22 dez. 2024.

Seção

n. 2 - 2024 - Dossiê: Língua falada e/ou escrita? Reflexões sobre aquisição e o ensino de língua portuguesa em uma perspectiva decolonial