THE CLOCK BUILDING IN PORTO VELHO-RONDÔNIA
PROPOSAL TO REQUALIFICATE THE ADMINISTRATION BUILDING OF THE MADEIRA MAMORÉ RAILROAD
Abstract
Na sessão de artigos dessa edição da revista Arquitetura e Lugar apresentamos o Prédio da Administração da Ferrovia Madeira Mamoré, também conhecido como Prédio do Relógio, onde tivemos oportunidade de discorrer sobre sua importância histórica para a cidade de Porto Velho, assim como mostramos um inventário físico cadastral e fotográfico do prédio, objeto da intrervenção proposta a seguir. Apesar de se constituir um marco da instalaçõa da ferrovia e da própria capital ele não é um bem tombado pelo IPHAN tendo sido objeto de tombamento estadual.
Como nos descreve a historiadora Yeda Borzacov, o prédio tem projeto dos anos 40 de autoria do arquiteto Armando Costa, do Rio de Janeiro com concepção baseada no formato estilizado de uma locomotiva, distribuído em dois pavimentos com área construída de 1.500,00 metros quadrados. Sua arquitetura de linhas retas, com uso de platibandas, esquadrias em perfis de ferro e vidro traduzem a modernidade da primeira metade do século XX, sendo um representante do estilo art déco, encontrado em várias edificações da época na cidade de Porto Velho.
Em 2013, já abrigando a Secretaria de Turismo do Governo do Estado foi realizado pela Secretaria de Obras do Governo do Estado um projeto de requalificação para o prédio com aprovação do IPHAN, mesmo não tendo sido um bem tombado nessa instância federal. Foram propostas inúmeras melhorias internas e externas com otimização e valorização dos espaços existentes, permitindo acesso ao cofre e torre do relógio como elementos de visitação pública, eliminação dos elementos que descaracterizavam suas fachadas,recuperação dos vitrais existentes no hall do segundo piso, adequação de acessibilidade, além de proposta de inserção no entorno com criação de recantos externos públicos com murais e esculturas fotográficas que permitissem uma leitura de fatos históricos relevantes para a cidade e seus habitantes.
A locação das novas intervenções atendeu a implantação proposta em projeto, observando os afastamentos e limites e todos os condicionantes urbanísticos municipais. Para a implementação do projeto foram necessárias algumas demolições, rasgos e construções de lajes (piso e cobertura), demolições e construções de escadas, rampas e reestruturação de telhados, com solicitação para que toda estrutura existente fosse submetida à revisão, prevendo recuperação estrutural e impermeabilizações. Como premissas de projeto foram adotadas ainda a utilização de alvenaria em tijolo cerâmico, estrutura de concreto; garantia de acessibilidade a pessoa com necessidades especiais em consonância com a ABNT NBR 9050; e utilização de materiais que permitissem fácil manutenção e durabilidade.
O prédio não se encontrava em bom estado de preservação e existiam várias intervenções descuidadas tanto internamente como pisos e revestimentos desgastados, assim como externamente com acréscimos de vários elementos destoantes de sua arquitetura original: condicionadores de ar, gradis metálicos, paisagismo inexistente. O prédio era desprovido de acessibilidade em desrespeito às normas além de quaisquer identificações visuais permitindo seu uso adequado e valorização de sua arquitetura.
Foram propostas adequações de acessibilidade internas com criação de rampas, eliminação de desníveis, criação de banheiros acessíveis e colocação de elevador garantindo circulação vertical acessível entre os pavimentos existentes. As portas e janelas externas originais em ferro deveriam ser substituídas obedecendo o desenho original das esquadrias existentes, executadas em quadros de alumínio anodizado preto fosco e vidro temperado incolor de 10mm visando melhor durabilidade e segurança.
As louças e os revestimentos cerâmicos não eram mais originais necessitando completa substituição; para os pisos também foram propostas substituições e recuperação dos tacos de madeira originais assentados em espinha de peixe que deveriam ser mantidos nas salas onde ainda eram presentes.
Visando visitações públicas foi proposta uma sala com piso em mapa de interação multimidia e projeções contando a história do estado de Rondônia e de seus pioneiros, em especial do período da construção do prédio ligada à própria instalação da ferrovia Madeira Mamoré e configuração espacial inicial de Porto Velho. Externamente também foram propostos pequenos recantos, recuos utilizados como “pocket parks”, pequenas praças com murais fotográficos reportando à construção da ferrovia, além de uso de esculturas fotográficas espalhadas nos jardins externos e internos com utilização do trabalho do fotógrafo norte americano Dana Merril contratado pela Madeira Mamoré Railway Co, e que fez um minucioso e sensível trabalho de documentação tanto da construção da ferrovia como no registro de cenas urbanas da época e dos trabalhadores e moradores locais.
Por fim, fizemos uma proposta de intervenção singela, mas que favorecesse um novo uso institucional como Secretaria de Turismo do Governo Estadual e que também permitisse visitação pública para valorização da edificação como importante bem patrimonial da cidade. Antes que as obras acontecessem a Prefeitura Municipal de Porto Velho solicitou ao governo estadual a cessão de uso do prédio para instalação da sede do gabinete municipal, com utilização do projeto já aprovado nos órgãos e instâncias competentes. Para isso o projeto foi doado entre as instâncias de poder com adequações realizadas pela própria autora da proposta de requalificação que trata esse texto, permitindo esse novo uso, e aproveitando as principais sugestões projetuais. Infelizmente essas proposições não foram realizadas de forma adequada e o prédio apesar de ter um uso importante como sede do governo municipal não permite a interação imaginada pela autora e nem teve sua importância como bem patrimonial valorizada.
Downloads
References
__
Downloads
Published
How to Cite
Section
License
Copyright (c) 2023 Architecture and Place Journal
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
1. Authors retain the copyright and grant the journal the right of first publication, with the article simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License BY NC ND, which allows the sharing of article with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal;
2. Authors are authorized to take additional contracts separately, for non-exclusive distribution of version of the article published in this journal (e.g. publish in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal;
3. Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their research work online (e.g. in institutional repositories or on their personal page) once the editorial process has been completed, as this can generate productive changes, as well as increase the impact and the citation of published article (See The Effect of Open Access);
4. It is not recommended to publish and distribute the article before its publication, as this may interfere with its blind peer review.