Tornar-se corpo, desejo e palavra: a personagem travesti no romance As fantasias eletivas, de Carlos Henrique Schroeder

Autores/as

  • Luiz Henrique Moreira Soares Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
  • Adenize Aparecida Franco Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)
Palabras clave: As fantasias eletivas, Identidade queer, Estudo da personagem, Romance contemporâneo

Resumen

DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v7i1.1016

A partir dos estudos recentes de Regina Dalcastagnè (2012) sobre as relações de desigualdade na produção literária brasileira da contemporaneidade, abre-se um leque de possibilidades para se pensar a representação de grupos historicamente marginalizados em literatura. Sendo assim, com base nos pressupostos de Antonio Candido, sobre a personagem (2006, 1981), de Stuart Hall, sobre a identidade do sujeito pós-moderno, de Don Kulick, sobre a identidade travesti (2008), além de Judith Butler sobre a noção de construção social do gênero e dos “corpos abjetos” (2003), o artigo analisa a configuração da travesti Copi, protagonista do romance contemporâneo brasileiro As fantasias eletivas (2014), de Carlos Henrique Schroeder. O romance narra a história de Renê, um recepcionista de hotel da cidade litorânea de Balneário Camboriú, que tenta reconstruir sua vida após o abandono do filho e a tentativa frustrada de suicídio. Nesse espaço de solidão, Renê acaba conhecendo a travesti Copi, que sobrevive da prostituição e escreve pequenos textos, tendo como referência as fotos que realiza com sua câmera Polaroid. A análise da construção da personagem Copi, na narrativa em questão, sinalizou para a desconstrução de estereótipos e cristalizações sobre os corpos desviantes, bem como propôs um processo de legitimação, humanização, enfrentamentos e outras questões que envolvem as configurações de personagens travestis na literatura atual do Brasil.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Luiz Henrique Moreira Soares, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

Mestrando do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de São José do Rio Preto.

Adenize Aparecida Franco, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Docente do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual do Centro Oeste
(UNICENTRO). Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela
Universidade de São Paulo (USP).

Citas

BAUMAN, Z. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

BERUTTI, E. B. Gays, lésbicas, transgerders: o caminho do arco-íris na cultura norte-americana. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

_____. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 151-172.

CANDIDO, A. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

_____. A personagem do romance. In: CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 1981, p. 53-80.

COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Trad. de Cleonice Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014.

DALCASTAGNÈ, R. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo: Editora Horizonte, 2012. 208 p.

GARCIA, W. (Org.). A Homocultura no Brasil: Estudos contemporâneos. In: LUGARINHO, M. C. Do inefável ao afável: ensaios sobre a sexualidade, gêneros e estudos queer. Manaus: UEA Edições, 2012. p. 39-52.

HALL, S. A identidade cultural na pós – modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro. Rio de janeiro: DP&A, 2006.

KULICK, D. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2008.

LAURETIS, T. de. Tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, H. B. (Org). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

MIRANDA, A. C. de. Sob camadas de preconceitos: a personagem travesti na literatura brasileira contemporânea. In.: Anais do Seminário Fazendo Gênero 8. Santa Catarina, 2008. Disponível em: http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST61/Adelaide_Calhman_de_Miranda_61.pdf. Acesso em 6 de junho de 2016.

MISKOLCI, R,; PELÚCIO, L. Fora do sujeito e fora do lugar: Reflexões sobre a perfomatividade a partir de uma etnografia entre travestis. Gênero, Niterói, v. 7, n. 2, p.257-269, 2007.

PELÚCIO, L. Subalterno quem, cara pálida? Apontamentos às margens sobre pós-colonialismos, feminismos e estudos queer. Contemporânea - Revista de Sociologia da UFSCar, v. 2, p. 395-418, 2012.

SARDUY, S. Escrito sobre o corpo. São Paulo, Perspectiva, 1979.

SCHROEDER, C. H. As fantasias eletivas. Rio de Janeiro: Record, 2014.

TIBURI, M. Morte no amor, sorte na ficção. 2014. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/morte-do-amor-sorte-da-ficcao/. Acesso em: 22 mar. 2018.

Publicado

octubre 15, 2023

Cómo citar

SOARES, L. H. M. .; FRANCO, A. A. . Tornar-se corpo, desejo e palavra: a personagem travesti no romance As fantasias eletivas, de Carlos Henrique Schroeder. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 7, n. 1, p. 89–107, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/1563. Acesso em: 16 jun. 2024.

Sección

A Literatura contemporânea e suas interfaces