Políticas linguísticas no espaço entre-línguas-culturas: o sujeito indígena em documentos oficiais
Resumen
DOI: https://dx.doi.org/10.35572/rlr.v8i2.1340
Este artigo apresenta o desenvolvimento e os resultados do projeto de pesquisa intitulado “Ser-estar-entre-línguas-culturas: políticas linguísticas e educação de estudantes indígenas em Chapecó/SC”. Objetivou realizar a descrição e análise de documentos estaduais e nacionais que produzem políticas linguísticas que afetam a relação dos alunos indígenas com a(s) língua(s) com a(s) qual(is) convive(m). Metodologicamente, foram escolhidos os seguintes documentos para compor nosso gesto interpretativo: A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 e a Proposta Curricular de Santa Catarina (PCSC) de 2014 – a escolha desta se deu por conta do recorte estabelecido pela pesquisa: região de abrangência da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó/SC. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na Análise de Discurso de orientação francesa, da qual tomamos alguns conceitos como língua, sujeito, memória discursiva e silenciamento. Cabe ressaltar que a metodologia desta pesquisa possuiu um desenho flexível e de base interpretativista. Em face disso, filiamo-nos à concepção de interpretação sob um olhar discursivo, em que se constitui da memória discursiva, abarcando outros dizeres já-ditos e que o sujeito reatualiza em seu discurso. Os resultados apontam para o silenciamento da língua-cultura do indígena que ressoa nos documentos oficiais por meio da voz do branco. Nesse sentido, interpretamos nesses dizeres que há uma rotulação do indígena como sendo o selvagem, o não-civilizado, que necessita passar por um processo de civilização.
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Citas
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